Luis Fernando: Defino o meu pai como um homem delicado, cortês, discreto, que tinha uma forma de estar na vida muito própria dele, enquanto pintor e enquanto intelectual. Era um autodidacta que estudou profundamente a pintura. Para além do dom inato que pudesse ter, estudou muito a figura humana, os cânones e os tratados acerca da mesma. Como homem e como pintor era extremamente rico. De repente parava na rua e debruçava-se para apanhar uma folha (seca, recordo-me que era dessas que gostava mais, pelas vibrações do colorido que poderiam ter) e dizia-me: "Olha, Luis, que bonita a associação de cores que a Natureza criou nesta folha". Era um homem que essencialmente se prendia à cor, embora tivesse o desenho como a matriz da pintura. Não se pode dizer que tenha pintado pouco; não pintou muito, o que é um pouco diferente. E, se sentia que lhe queriam comprar pintura como quem compra para investir, não vendia. Mas se o iam visitar e manifestavam gosto sincero pelos seus quadros, dizia: "Leve, tenho muito gosto!" ... O meu pai era um sentimental sóbrio e um excelente pai!
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