quarta-feira, 28 de março de 2018

Exposições/Memórias



«Nas Margens da Linha»


Exposição composta por cerca de 30 Desenhos, abrangendo um período de aproximadamente 50 anos.
Estão representados 21 autores: António Areal, António Carmo, Diogo deCalle, Fernanda Pissarro, Fernanda Maio, Francisco Simões, Inez Wijnhorst, João Gago, J. M. Rocha de Sousa, José Assis, José Oliveira, Luís Dourdil, Manuela Cristóvão, Odete Silva, Ricardo Pacheco, Rita Gamboa, Sara Borga, Teresa Gonçalves Lobo, entre outros.

Abordamos nesta exposição o Desenho como uma forma de manifestação da Arte, nas suas várias linguagens e expressões, em que o Artista transfere para o papel imagens e composições, numa relação do pensamento com o desenho e com a sua expressão poética individual.
É um conjunto extraordinariamente diversificado, marcado pelo tempo e pela variedade expressiva.

07-12-2012 a 27-01-2013  Castelo Branco






Carvão s/papel   70 X 100 - 1979  © All rights reserved




"Desenhar não é o que o vemos, mas sim o que podemos fazer ver aos outros."
Edgar Degas 

terça-feira, 27 de março de 2018

Pintura



RETRATO DE UM POVO DE LUIS DOURDIL
"Dourdil foi um mestre do equilíbrio de diversas aprendizagens
do seu tempo, tanto na ordem de uma figuração transgredida como no âmbito de uma insinuação abstracta ao mesmo tempo pressuposta e exposta. E o enlace de tais processos de construir e de formar permitiu-lhe, sem a demagogia de certas denúncias superficiais,alcançar níveis de significação onde acabava por prevalecer um especial sentido do drama.O drama social, sem dúvida, mas sobretudo no plano de grandes sínteses,entre brumas, desencantos e fugazes anotações líricas sobre lugares anónimos,sobre protagonistas mascarados de sombra, sobre abraços e mortes lassas de um quotidiano cada vez mais absurdo.
Contemporâneo da literatura do absurdo, mas não empenhado em a seguir ou ilustrar, Dourdil é dos autores portugueses que melhor entenderam esse não sentido do enganador sentido das aparências, quer do ponto de vista gestáltico,quer do ponto de vista existencial e filosófico. É por isso que a sua pintura nos mostra gente em espera,pedaços de corpos,sonos,sem amanhecer,solidariedades desesperadas,um grito silencioso que podemos conotar,passando por cima do lado imediato da forma com o teatro de Beckett ou a inquietante ausência de resposta, das melhores alegorias de Kafka.(...)
Prof. ROCHA DE SOUSA
In Artes Plásticas nº 1 de 1990

quinta-feira, 15 de março de 2018

"Pintores de Portugal"

Luís Dourdil nasceu em Coimbra, na Rua do Guedes, freguesia da Sé Velha, no dia 08 de Novembro de 1914  e faleceu em Lisboa no dia 29 de Setembro de 1989.

Em 1935, surgiu pela 1ª vez na Exposição de Arte Moderna, organizada pela revista de Cultura e Arte “Momento”. 

Entre 1944 e 2000, a sua obra pôde ser apreciada de norte a sul do País em exposições colectivas.






Era uma sensibilidade extraordinária, o Luís Dourdil
e como essa sensibilidade se aliava a grandes conhecimentos de arte e ao domínio inteiro da técnica, em particular do desenho, o Dourdil tinha todas as condições para ter sido um nome de primeiro plano na Arte Portuguesa do nosso tempo. O seu desenho tem uma leveza e, ao mesmo tempo, uma força que marcam a personalidade do artista”.

Raul Rego





Os desenhos de Luís Doudil dão conta,desde a escolha da maleabilidade do carvão,a uma voluntariedade da mão que se deixa embriegar na sequência da linguagem e na passagem de um a outro desenho,numa longa e meditada harmonia sem se deixar cegar pela lucidez duma solução,focaliza a sua atenção na figura humana criando uma "caligrafia muito personalizada",como adjectivou o Prof. Rocha de Sousa.







" Um artista na continuidade e na renovação"
"Mais de quarenta anos de experiência, aberta a uma sempre livre inspiração pessoal e, ao mesmo tempo, a um apuramento técnico amadurecido, lúcido, intransigente com a sua mesma facilidade, fizeram de Luis Dourdil um dos pintores e desenhadores mais seguros de si mesmo nas artes plásticas de Portugal moderno.
A sua obra foi sempre e é agora mais do que nunca a de uma personalidade forte, exprimindo-se sem influências que possam ser dependências. E é uma obra excepcional em que a força e firmeza, sem necessidade de feitos nem de rebuscamentos dão uma <verdade> de visão de artista que só deve a si próprio".
Mário de Oliveira 









Para o situar a geração de Dourdil, vale a pena lembrar os nomes de alguns pintores portugueses que nasceram nessa década:
 Mário Dionisio, Álvaro Perdigão, Manuel Filipe, Manuel Ribeiro Pavia, Estrela Faria, Augusto Gomes, José de Lemos, Paulo Ferreira,Cândido da Costa Pinto, Magalhães Filho, Guilherme Camarinha, Manuel Lapa, António Dacosta, João Navarro Hogan, Luís Dourdil, Maria Keil, Júlio Resende. Joaquim Rodrigo e José Júlio, nascidos também na mesma década,vieram a revelar-se pintores, mais tarde do que os outros.
É um conjunto de artistas que fazem charneira entre a geração de Botelho, Eloy, Júlio, Alvarez, e a geração de Pomar, Lanhas, Vespeira e Fernando de Azevedo. Vieira da Silva era ainda muito pouco conhecida, por viver fora de  Portugal. 
"O fluir da vida cultural deve ser conhecido se queremos entender alguma coisa da acção dos protagonistas".

Rui Mário Gonçalves










S.N.B.A. 06 de Junho de 1960
-Celestino Alves, Carlos Botelho, B. Tavares, Conceição Silva, Anjos Teixeira, Peres Fernandes, José Júlio, Machado da Luz,
 Luís Dourdil
Sentados -Abel Manta, Abílio Mereles, Pedro Guedes e Frederico George. 




"Diálogos a Carvão"

 Luis Dourdil


O desenho, enquanto primeira manifestação gráfica, estética e da cultura na história da humanidade, é uma das primordiais formas de expressão deixadas pelos vestígios e produtos culturais, contendo importantes revelações da luta do homem em manifestar sua evolução.
 Surge como forma de comunicar, desde a pré história.
Nas cavernas ficaram gravados, por meio de desenhos, os hábitos e experiências dos primitivos “homens das cavernas” que usavam as pinturas rupestres como forma de se expressar e comunicar antes mesmo que se consolidasse uma linguagem verbal.

A linguagem é um instrumento, que nos permite pensar e comunicar o pensamento, estabelecer diálogos com nossos semelhantes e dar sentido a realidade que nos cerca.


É um grande esforço de abstracção, a partir da socialização e da comunicação, na tentativa de fixar, em um suporte físico duradouro, situado fora do seu próprio cérebro, fragmentos de suas percepções e experiências no mundo. 






O acto de desenhar exige poder de decisão. O desenho é revelação.









O desenho é a base, para qualquer produção, seja ela arquitectónica, no design, na engenharia ou na produção artística.








"É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós, onde os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão. O importante é aproveitar o momento  e  aprender sua duração, pois a vida está nos olhos de quem saber ver.“

Gabriel García Márquez

Pintura Portuguesa Sec. XX Luis Dourdil




  Há noites 


Há noites que são feitas dos meus braços
E um silêncio comum às violetas.
E há sete luas que são sete traços
De sete noites que nunca foram feitas.

.......

Há noites que nos deixam para trás
Enrolados no nosso desencanto
E cisnes brancos que são só iguais
À mais longínqua onda do teu canto.

Há noites que nos levam para onde
O fantasma de nós fica mais perto;
E é sempre a nossa voz que nos responde
E só o nosso nome estava certo...


Natália Correia





                                        Carvão s/papel 50X70 1968