domingo, 9 de fevereiro de 2014

LUIS DOURDIL 1914 - 1989


A Galeria 111 iniciou as comemorações dos 50 anos com uma exposição de quase todos os artistas que expuseram individualmente na Galeria.De 01/02 até  29 de Março.
Recomendamos 
Óleo s/tela de Luis Dourdil col/ Galeria 111

LUIS DOURDIL 1914 - 1989

Manuel de Brito in Catálogo da Galeria 111-
Luis Dourdil Pintura E Desenho/Setembro de 1991.

" Conheci o pintor Luis Dourdil há mais de quarenta anos quando,já relacionado com assuntos de arte embora longe de vir a ser exclusivamente profissional nesta área,lhe fiz uma encomenda de carácter gráfico.A partir daí nasceu uma amizade,consolidada ao longo dos anos.A presente exposição tem para mim uma intenção e um significado que ultrapassa a minha normal actividade de galerista. Dourdil foi um dos melhores pintores portugueses da sua geração um grande artista e homem, de quem me orgulho de ter sido amigo."






LUIS DOURDIL 1914 - 1989

Adriano Gusmão in Ensaios de Arte e Crítica

"Dourdil com a sua escala de neutros,trai o natural pendor 
da sua sensibilidade,fina,recolhida,murmurando discretas harmonias,apenas decifráveis a um repetido e alerta olhar.Há, azuis energéticos, ocres intensos.rosas desmaiados,terras aveludadas e surdas.Verdes líquidos e brônzeo...o vermelho fácil,estridente e oratório não entra nesta seleccionada gama.Mas há brancos de inesperada riqueza cromática e descobrem-se aparentes transparências. Pintura e desenho irmanam-se e equiparam-se. O artista não obedece a preceitos. Soberba conquista de quem sabe estar sinceramente implantado na Vida e na Arte e,dominando o métier. Esse comportamento é, um acto ético,como ética tem sido a sua conduta de artista, sem impaciências nem «pressas»..."




LUIS DOURDIL 1914 - 1989

   «Quase todos os dias o Dourdil visitava o meu atelier e fazia-se anunciar com uma leve batida das suas chaves no corrimão a meio do corredor....já sabia - aí vem o Dourdil!
 Depois conversávamos sobre inúmeras coisas e sempre soltávamos saudáveis gargalhadas!
 Era tão reconfortante e indispensável!

 Os Coruchéus nunca mais foi o mesmo.....» 

Gracinda Candeias
                                                                               


LUIS DOURDIL 1914 - 1989




 Dourdil era um observador atento e excelente conversador, com um perspicaz espírito.

Orgulhava-se das marcadas rugas no seu rosto, de tal modo que, quando Mário Sá lhe fez uma fotografia retocada e sem rugas, o pintor não se identificou nela, comentando:

Tiraram-me o que tanto tempo me custou a adquirir!


Memórias de Luis Dourdil




Carvão s/papel de 1984

"Luis Dourdil,discreto e organizado,pintou (superiormente) como viveu,inteiro,com coerência,numa espécie de modéstia ao mesmo tempo perplexa e empolgada,sentido por dentro as suas referências culturais,auto-aprendizagem,o correr da História.Entrar no seu atelier do Coruchéus era descobrir-lhe a ordem,a serenidade do lento e longo diálogo com as aparências.os materiais e as matérias da pintura,o equilíbrio de um profissionalismo conquistado em muitos anos de pesquisa gráfica.É preciso reafirmar que Luis Dourdil é um dos principais autores da pintura moderna portuguesa e que a justiça de que porventura beneficia agora chegou tarde e mal dimensionada no confronto com personalidades,suas contemporâneas, de idêntico valor.Isso pode dever-se em parte,ao modo de ser do artista,à sua modéstia,mas deve-se também,e sobretudo,à incapacidade dos nossos analistas para escapar a este fenómeno provinciano(de mimetismo complexado) que os reduz aos padrões consumíveis da moda e os impede de assumir,com isenção científica,critérios históricos e estéticos,o estudo plural de modos de formar que se distinguiam,em exemplar qualidade,daquele tipo de referências.
Dourdil não foi um autor de circunstância.Não teve nunca de se submeter o mundo das suas formas e da sua escrita aos postulados efémeros da exterioridade consumista.Não teve porque acreditava no valor intrínseco das suas descobertas e conferia maior importância ao trajecto lento mas sincero,e essa interioridade que sempre sobrepôs." 
- Rocha de Sousa in Artes Plásticas,nº1 Jul.1990