quinta-feira, 28 de abril de 2016

Museu Municipal Abel Manta

O Museu Municipal Abel Manta encontra-se significativamente instalado num edifício setecentista, o antigo Solar dos Condes de Vinhó e Almedina, patrocinadores dos estudos artísticos de Abel Manta. Composto por sete salas de exposição permanente e uma de exposições temporárias, biblioteca de artes, serviços educativos, recepção e loja do Museu, este espaço alberga o núcleo da obra de Abel Manta só por si merecedora de uma visita demorada, à qual se juntam trabalhos de ilustres mestres como Vieira da Silva, Joaquim Rodrigo, Júlio Resende, Luis Dourdil, Júlio Pomar, Menéz e Paula Rego designadamente.


Auto-retrato, c. 1939, óleo sobre tela, 65 x 50 cm. 
Pertencente à Colecção de J. Abel Manta, Museu de Gouveia.


Pintor português do século XX, reconhecido em Portugal e no estrangeiro, Abel Manta nasceu em Gouveia a 12 de Outubro de 1888. Frequentou a Escola de Belas Artes de Lisboa onde cursou pintura. Em 1919 muda-se para Paris, onde continua a sua formação artística e expõe. Regressa a Lisboa em 1925. Em 1926 lecciona numa escola técnica na cidade do Funchal. De novo em Lisboa no ano seguinte, casa com Clementina Carneiro de Moura. Em 1928 nasce o seu único filho João Abel Manta. Vencedor de vários prémios individuais, foi responsável por recriar a imagem de Portugal em diversos certames pela Europa, nomeadamente na decoração do pavilhão de Portugal na Exposição de Sevilha em 1929 e nas Exposições de Paris em 1931 e 1937. Faleceu em Lisboa a 9 de Agosto de 1982.

Obras aqui presentes, de pintores como Luís Filipe Abreu, Sara Afonso, Eduardo Anahory, Carlos Botelho, João Abel Manta, Daciano Costa, Luís Dourdil, Lima de Freitas, Frederico George, José de Guimarães, Lagoa Henriques, Maria Keil, Abel Manta, Bernardo Marques, Manuel Mendes, Menez, Clementina Carneiro de Moura, Júlio Pomar, Paula Rego, Júlio Resende, Vieira da Silva, Nikias Skapinakis, Arpad Szenes e muitos outros…


Link aqui----http://www.ruadireita.pt/ultima-hora/gouveia-e-museu-abel-manta-uma-urgente-vista-12342.html

Autor: Luís Dourdil 1914 - 1989 Século: XX Ano: 1964
Tipo: Óleo sobre tela Dimensões: 118 X 83 cm
Local: Museu Municipal de Arte Moderna Abel Manta Gouveia.

Leia aqui - https://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_Dourdil

domingo, 17 de abril de 2016

"REGISTOS E FACTOS" DOURDIL E VERGILIO FERREIRA


"Peixeira sentada" Óleo 120 X 76 c.1960 de Luís Dourdil







"A causa depois do efeito. A minha tese é esta, minha querida – nós trazemos na alma uma bomba e o problema está em alguém fazer lume para a rebentar. Nós escolhemos ser santos ou heróis ou traidores ou cobardes e assim. O problema está em vir a haver ou não uma oportunidade para isso se manifestar. Nós fizemos uma escolha na eternidade. Mas quantos sabem o que escolheram? Alguns têm a sorte ou a desgraça de alguém fazer lume para rebentarem o que são, ver-se o que estava por baixo do que estava por cima. Mas outros vão para a cova na ignorância. Às vezes fazem ensaios porque a pressão interior é muito forte. Ou passam a vida à espera de um sinal, um indício elucidativo. Ou passam-na sem saberem que trazem a bomba na alma que às vezes ainda rebenta, mesmo já no cemitério. Ou quem diz bomba diz por exemplo uma flor para pormos num sorriso. Ou um penso para pormos num lanho. Mas não sabem. Agora pergunto – se escolheram a maldição e alguém faz lume, quem é culpado de ela rebentar? Como é que um tipo é culpado de trazer uma bomba na alma se foi outro que a fez explodir? E como é que é culpado o tipo que fez o lume, se a bomba não era dele?"


Vergílio Ferreira, in 'Em Nome da Terra'


Luis Dourdil era um fã incondicional da obra de Vergilio Ferreira, assim como o escritor era um admirador da pintura de Luis Dourdil.
Unia-os uma mutua admiração e amizade.
IN Conta Corrente 3 o escritor menciona " Dourdil é um grande pintor... preciso de adquirir-lhe um quadro...."  

Retrato de Olinda Dourdil de 1945-(pormenor)
Luís Dourdil 
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"Foi para ti que criei as rosas

Foi para ti que lhes dei perfume

Para ti rasguei ribeiros

e dei às romãs a cor do lume"

Eugénio de Andrade



Luís Dourdil em 1955


"A ARTE E A AMIZADE" HOMENAGEM AO ESCULTOR




EUCLIDES VAZ 

Retratado por Luis Dourdil

LER AQUI ::https://pt.wikipedia.org/wiki/Euclides_Vazhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Euclides_Vaz




Estátua de bronze de Egas Moniz por Euclides Vaz. 1974

Durante 30 anos dedicou-se ao ensino da escultura e da medalhística, tendo sido agraciado com a medalha da Instrução Pública (Cavaleiro) e recebido os prémios Ruy Gameiro e Soares dos Reis. Estendeu a sua acção a Portugal e às antigas colónias de Angola, Cabo Verde, Guiné, Macau e Moçambique.
Executou obras por concurso de onde destacamos: os monumentos a Teixeira (Guiné); Jorge Alvares (Macau); Vasco da Gama (Ilha de Moçambique); Neutel de Abreu (Nampula-Moçambique-1962), monumento a Norton de Matos (Nova Lisboa-Angola-1962), estátua a Vicente Ferreira (Angola)
Por encomenda directa gizou várias estátuas de onde salientamos as de Pedro Escobar, Jorge Alvares, Vicente Ferreira, João Afonso de Aveiro (Aveiro-1959), D. João III, Luís de Camões, D. João Evangelista de Lima Vidal, Alcaide de Faria, Madre Teresa da Anunciada, Monumento ao Dr. Egas Moniz (frente ao Hospital de Santa Maria em Lisboa), Monumento ao Dr. Egas Moniz (Aveiro-1974), Grupo escultórico do Largo Roseiral, monumento a Norton de Matos que inclui quatro estátuas das virtudes Cardeais e a estátua da Justiça para o tribunal de Aveiro, estátua de figura feminina com cavalo (erigida no interior de um lago No Parque Eduardo VII em Lisboa-1958),estátua a D. Afonso III (Leiria-1970), estátua de figura feminina com menino ao ombro (Campo Grande - Lisboa 1997).
Baixos-relevo integrados nos seguintes tribunais: Porto, Lisboa, Celorico da Beira, Montijo, Ponte de Sôr, Santarém, Grândola, Santiago do Cacém e Monção.
Na numismática executou várias medalhas, entre as quais: Visita do General Craveiro Lopes a Goa, Inauguração da Faculdade de Letras de Lisboa; Inauguração do Palácio da Justiça; Inauguração do Seminário de Portalegre; Comemoração da Descoberta da Guiné; Remodelações do Hospital do Ultramar; Congresso das Águas Tremais; Cinquentenário de Nova Lisboa; Monumento a Norton de Matos; 12 Placas Virtudes Cardeais; 12 Signos do Zodíaco; Comemorativa do Monumento ao Arcebispo de Aveiro, D. João de Lima Vidal; Natal de 1982; A Mãe; Alfândega de Lisboa; Congresso da Ordem dos Engenheiros; Estação Agronómica Nacional; D. António Prior do Crato; Camões (faz parte de um conjunto de medalhas de diversos artistas); Comemorativa do terramoto dos Açores. Elaborou também as moedas FAO de 20 e 50 escudos.
Algumas das suas obras encontram-se em algumas instituições: “Mascara”, na Câmara Municipal de Sintra, “ Discóbolo” no Museu Regional de Aveiro, “Camões” no Colégio Rodrigo Faria de Castro. Foi autor também de um trabalho intitulado “Imaculada Conceição”, destinado à Catedral da cidade do Sal.








Alto-relevo do escultor Euclides da Silva Vaz, datado de 1959,


"FILTRANDO A REALIDADE" - ABSTRACÇÃO



"A Arte não representa o visível, a Arte torna visível."
disse Paul Klee


Luis Dourdil inspirava-se nos jovens que repousavam na relva do jardim, frente ao seu atelier nos  Coruchéus, em poses de ociosidade e, pintou-os, nas telas na sua virtualidade inspiradora.

 "Filtrando a realidade visível", o pintor que na sua génese foi um figurativo abstracionista, com uma caligrafia personalizada e revelando desde os anos 30, (inicio da sua carreira) particular atenção à temática social e sempre consciente das transformações estéticas das mesmas, evoluiu fiel a essa corrente.


























Em 1984, Luís Dourdil participou na Exposição de homenagens dos Artistas Portugueses a Almada Negreiros  e recebeu o 
1º Prémio de Pintura da Secretaria de Estado da Cultura


REGISTOS DE UMA VIDA - LUIS DOURDIL


LISBOA NA MODERNA PINTURA PORTUGUESA

O texto de apresentação de Gomes Ferreira é (mais) uma bela declaração de amor à cidade adoptiva, oferecendo de passagem apontamentos acerca da convivência que teve, na primeira metade do séc. XX, com vários dos principais artistas do tempo.

 Das estampas, impressas em heliogravura pela Neogravura lisboeta, destacam-se em quantidade trabalhos de Francisco Smith, Abel Manta e sobretudo Carlos Botelho (dito aqui o “pintor oficial de Lisboa”), sendo reproduzidos dois de António Soares, Bernardo Marques e Vieira da Silva e apenas um de gente para o efeito também bastante recomendável: José de Almada Negreiros, Barradas, Luís Dourdil, Pomar, Lima de Freitas e Skapinakis, por exemplo. O álbum foi encadernado pela editora em pele e apresenta em cliché, colado na pasta superior, uma reprodução do conhecido óleo de Botelho «Costa do Castelo».
http://bibliographias.blogspot.pt/

Aqui __
http://bibliographias.blogspot.pt/2015/04/jose-gomes-ferreira-lisboa-na-moderna.html
                                                                                          José Gomes Ferreira

 Vieira da Silva                                                               Dourdil      
Pomar
Carlos Botelho Skapinakis
Almada Negreiros




" REGISTOS DE UMA VIDA" DESENHO PINTURA E ARTES GRÁFICAS

«HOMENS DO FOGO» de Luís Dourdill -Óleo s/tela de 1942 - Museu da Electricidade -
" Esta obra de Dourdil propõe um discurso neo-realista,com algumas acentuações recolhidas indirectamente do expressionismo e da vontade social que os dois « movimentos» , deste ou daquele modo, interpretam. O esforço e a grandeza do trabalho humano passam pela tela com um tom ideológico apologético: os gestos quotidianos dos trabalhadores cedem a uma encenação operática, aliás desenvolvida sobre uma «cortina cénica» de escala significativamente grandiosa. A fábrica não é o lugar onde se produz, é a catedral do esforço colectivo; e tudo o que se movimenta (re)toma a eterna pose da monumentalidade, do sacrifício sublimado em reflexo super humano."
Prof.Rocha de Sousa





Rua do Crucifixo
No lado direito pode ver-se os antigos escritórios das CRGE, onde Luis Dourdil exerceu a profissão de artista gráfico.
Em 1942 o pintor realizou um painel a carvão de 30 m2 que decorava o hall das referidas instalações.
Infelizmente esta obra foi destruída por incúria e falta de sensibilidade por parte das entidades (?) aquando da respectiva mudança de instalações.








(...)" Tivemos,há poucos dias ocasião de apreciar o trabalho de um moço artista,trata-se de Luís Dourdil,que num golpe de asa conquistou já um relevante lugar como artista. È um artista nato que por isso mesmo,cria arte numa linguagem fluente e fresca,como de quem obedece sem hesitações ao génio.
O seu ultimo trabalho é uma ampla e original tela, trinta metros, para a decoração da entrada dos escritórios da Companhia do Gás, na rua do Crucifixo.
DOURDIL que é dotado de uma imaginação criadora - essa invulgar preciosa e profunda chama! - soube construir,quási intuitivamente uma larga e harmoniosa composição,com motivos arquitecturais, figurando certas operações,como o trabalho dos fogueiros,o desenrolamento das bobinas de cabos eléctricos,que embelezam,com a respectiva representação humana.
A figura humana foi tratada por DOURDIL com másculo poder plástico: os seus operários são construídos num traço de vigorosa síntese, sobriamente manchada a cor,guardando largos espaços luminosos.

O realismo dos seus trabalhadores lembra por vezes o de Meunier ou de Millet, realismo heróico.
O seu desenho é de uma excepcional qualidade tendo em conta as proporções do trabalho....
07-04-1943 IN Diário Popular
Prof. Adriano de Gusmão 

A ARTE GRÁFICA DE LUIS DOURDIL NA CRGE


Luís Dourdil -Óleo s/Papel " Fundição de Oeiras" 1938/39
fragmentos 1-









Luís Dourdil -Óleo s/Papel " Fundição de Oeiras" 1938/39
fragmento 2


Luís Dourdil -Óleo s/Papel " Fundição de Oeiras" 1938/39
fragmentos 1-





"Homens do Fogo" _Desenho estudo a carvão -1/Ano 1942
da Pintura a óleo Museu da Electricidade. 

Coleção de Arte Fundação EDP____ link




"Homens do Fogo" Desenho estudo a carvão- 2 /Ano 1942 da Pintura a óleo Museu da Electricidade em Lisboa
 Companhias Reunidas de Gás e Electricidade
Maquetes de 1945 de Luís Dourdil © All rights reserved

A arte gráfica de Luis Dourdil na CRGE


No último quartel do século XIX, Lisboa, à imagem do que acontecia nas principais cidades Europeias, era uma cidade em plena expansão e o consumo da electricidade foi também acompanhando o ritmo de urbanização da cidade: primeiro, substituindo o gás na iluminação pública, depois os motores eléctricos foram progressivamente ganhando vantagem na indústria e por fim as casas mais abastadas iniciavam a era do uso doméstico da electricidade.

Maquetes de Dourdil - 
A CRGE toma posse de todas as instalações de produção e distribuição de gás existentes à data da sua constituição: as fábricas de gás da Boavista e de Belém, os gasómetros da Boavista, Pampulha e Bom Sucesso, e cerca de 400 000m de canalizações. O número de consumidores privados era à época, superior a 13 000, sendo o preço fixado para o gás de 45 reis/m3 e de 30 reis quando utilizado para o accionamento de motores.
Maquetes de Dourdil
A iluminação a gás inaugurou-se em Lisboa nas noites de 29 e 30 de Julho de 1848, com os primeiros 28 candeeiros. Ainda antes da assinatura do primeiro contrato para a iluminação a gás de Lisboa (1847), entre o governo e a “Companhia Lisbonense de Illuminação a Gaz”, já estavam arrendados os armazéns nos 2 e 3 da Praia da Boavista, para instalar a fábrica. O carvão era descarregado no denominado Cais do Carvão, ali junto, seguindo para a fábrica, onde era destilado em retortas. Seguiam-se depois operações de lavagem, arrefecimento, condensação e depuração, antes do armazenamento do gás nos gasómetros. Em 1852 existiam na Boavista cinco gasómetros e duas baterias de fornos totalizando 120 retortas

http://www.fundacaoedp.pt/museu-da-eletricidade/central-tejo/a-fabrica-que-eletrificou-lisboa/87

Vista da Sala dos Cinzeiros das Caldeiras de Alta Pressão

Viste o link 

Pintura/ pastel de LuisDourdil, c.1952/54 (pormenor) 
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"É quando um espelho, no quarto,
se enfastia;
Quando a noite se destaca
da cortina;
Quando a carne tem o travo
da saliva,
e a saliva sabe a carne
dissolvida;
Quando a força de vontade
ressuscita;
Quando o pé sobre o sapato
se equilibra...
E quando às sete da tarde
morre o dia
- que dentro de nossas almas
se ilumina,
com luz lívida, a palavra
despedida."
David Mourão Ferreira