«HOMENS DO FOGO» de Luís Dourdill -Óleo s/tela de 1942 - Museu da Electricidade -
" Esta obra de Dourdil propõe um discurso neo-realista,com algumas acentuações recolhidas indirectamente do expressionismo e da vontade social que os dois « movimentos» , deste ou daquele modo, interpretam. O esforço e a grandeza do trabalho humano passam pela tela com um tom ideológico apologético: os gestos quotidianos dos trabalhadores cedem a uma encenação operática, aliás desenvolvida sobre uma «cortina cénica» de escala significativamente grandiosa. A fábrica não é o lugar onde se produz, é a catedral do esforço colectivo; e tudo o que se movimenta (re)toma a eterna pose da monumentalidade, do sacrifício sublimado em reflexo super humano."
Prof.Rocha de Sousa
Rua do Crucifixo
No lado direito pode ver-se os antigos escritórios das CRGE, onde Luis Dourdil exerceu a profissão de artista gráfico.
Em 1942 o pintor realizou um painel a carvão de 30 m2 que decorava o hall das referidas instalações.
Infelizmente esta obra foi destruída por incúria e falta de sensibilidade por parte das entidades (?) aquando da respectiva mudança de instalações.
(...)" Tivemos,há poucos dias ocasião de apreciar o trabalho de um moço artista,trata-se de Luís Dourdil,que num golpe de asa conquistou já um relevante lugar como artista. È um artista nato que por isso mesmo,cria arte numa linguagem fluente e fresca,como de quem obedece sem hesitações ao génio.
O seu ultimo trabalho é uma ampla e original tela, trinta metros, para a decoração da entrada dos escritórios da Companhia do Gás, na rua do Crucifixo.
DOURDIL que é dotado de uma imaginação criadora - essa invulgar preciosa e profunda chama! - soube construir,quási intuitivamente uma larga e harmoniosa composição,com motivos arquitecturais, figurando certas operações,como o trabalho dos fogueiros,o desenrolamento das bobinas de cabos eléctricos,que embelezam,com a respectiva representação humana.
A figura humana foi tratada por DOURDIL com másculo poder plástico: os seus operários são construídos num traço de vigorosa síntese, sobriamente manchada a cor,guardando largos espaços luminosos.
O realismo dos seus trabalhadores lembra por vezes o de Meunier ou de Millet, realismo heróico.
O seu desenho é de uma excepcional qualidade tendo em conta as proporções do trabalho....
07-04-1943 IN Diário Popular
Prof. Adriano de Gusmão
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