Decoração Mural "esgrafito" 16m2
executado por Luís Dourdil no Foyer de honra do Cinema Império em Lisboa em 1952
Património Cultural.
«O CINEMA IMPÉRIO ( 2 )»
Após a sua inauguração em 24 de Maio de 1952 e colocada a tónica no facto de ser um cinema moderno e luxuoso, sobre a sua construção e condições de realização, nada se adiantava; mas eram referidos os cuidados postos na decoração, chamando a atenção para o efeito que provocava logo à entrada o painel de azulejos de "JOÃO FRAGOSO" e para a expressão que alcançavam o mural de "LUÍS DOURDIL" e das pinturas do próprio "FREDERICO GEORGE", presentes nos "foyers" do primeiro e segundo balcão.
A edificação do "CINEMA IMPÉRIO" parecia ter-se desenvolvido, por assim dizer, sem sobressalto. Mal se notavam as inúmeras alterações a que o projecto inicial tinha sido submetido e das sensibilidades que nele tinham intervindo e actuado. Na verdade, o edifício absorvera-as, fazendo com que se incorporassem no desenho de "CASSIANO BRANCO". Embora o cunho de "FREDERICO GEORGE" lhe tivesse imprimido outros encantos, tinha-se conseguido com a colaboração de um grupo de famosos artistas portugueses, "uma casa de espectáculos modelar" ( 1 ).
Na parte virada para a "AVENIDA ALMIRANTE REIS" no "CAFÉ IMPÉRIO" a intervenção de "RAUL CHORÃO RAMALHO", apresenta uma expressão idêntica, embora mais discreta. Não obstante a solução encontrada vai favorecer a formulação original, ainda que "CHORÃO RAMALHO" a tenha renovado e enriquecido com a ajuda do seu mobiliário moderno e da enorme pintura mural de "LUÍS DOURDIL" que se estendia nos seus 48 metros quadrados, coadjuvantes com as esculturas de "MARTINS CORREIAS".
Desnecessário se torna salientar que o "CINEMA IMPÉRIO" (com todo o seu edifício) veio valorizar a "ALAMEDA" colocando-lhe uma nota de sofisticação naquele local.
O "CINEMA IMPÉRIO" é inaugurado com o filme «O PREÇO DA JUVENTUDE»( 2 ), uma realização de "RENÉ CLAIR" de 1950, cuja história tinha a capacidade de poder converter as ambições da sua personagem nas aspirações da zona. Na verdade, tal como a personagem do filme, também este local desejara para uma nova vida, um novo vigor que o libertasse da memória rural das "QUINTAS DE ARROIOS", marcando posição na onda de modernizações a que se assistia.
Com a entrada em funcionamento regular da RTP os cinemas ressentem-se. Assim, entre 1961 e 1965 o "IMPÉRIO" passou a ceder temporariamente as suas instalações à "COMPANHIA DE TEATRO MODERNO DE LISBOA" uma iniciativa de "CARMEM DOLORES", "ARMANDO CORTEZ", "FERNANDO GUSMÃO" e "ROGÉRIO PAULO". Funcionava em sessão à tarde, pelas 18,30 horas, de Segunda a Sexta existindo ainda uma sessão aos Domingos de manhã.
O "CINEMA IMPÉRIO" possuía PLATEIA, 1º e 2º BALCÃO totalizando 1672 lugares, embora o projecto inicial contemplava 2326 espectadores o que fazia dele o maior cinema do país.
Em 24 de Outubro de 1964 surge uma sala "SATÉLITE" que viria a ocupar o espaço que anteriormente tinha sido planeado para Restaurante um projecto que nunca chegou a ser realizado. Afortunadamente este novo espaço teve enorme sucesso, tendo o seu investimento sido recuperado no período de dois anos.
No início dos anos 80 e com o aparecimento de salas de cinema a multiplicar-se em "CENTROS COMERCIAIS", o "CINEMA IMPÉRIO" acabaria por encerrar a sua exploração como exibidora de cinema em 31 de Dezembro de 1983, embora esporadicamente até aos anos até aos anos 90, fosse escolhida esta sala para ante-estreias ou exibições relacionadas com festivais de cinema.
Em 1992 foi adquirido pelo movimento religioso "IURD" que aí instalou a sua sede e local de culto em LISBOA, que assim se mantém até aos dias de hoje.
( 1 ) - "CINEMA IMPÉRIO", in "Diário de Notícias", 24 de Maio de 1952.
( 2 ) - Tradução encontrada na altura para "LE BEAUTÉ DU DIABLE", título original do filme.
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