quinta-feira, 4 de agosto de 2011

DECORAÇÃO MURAL ESGRAFITO 1952

Decoração Mural "esgrafito" 16m2 

executado por Luís Dourdil no Foyer de honra do Cinema Império em Lisboa em 1952
Património Cultural.

«O CINEMA IMPÉRIO ( 2 )»

Após a sua inauguração em 24 de Maio de 1952 e colocada a tónica no facto de ser um cinema moderno e luxuoso, sobre a sua construção e condições de realização, nada se adiantava; mas eram referidos os cuidados postos na decoração, chamando a atenção para o efeito que provocava logo à entrada o painel de azulejos de "JOÃO FRAGOSO" e para a expressão que alcançavam o mural de "LUÍS DOURDIL" e das pinturas do próprio "FREDERICO GEORGE", presentes nos "foyers" do primeiro e segundo balcão.
A edificação do "CINEMA IMPÉRIO" parecia ter-se desenvolvido, por assim dizer, sem sobressalto. Mal se notavam as inúmeras alterações a que o projecto inicial tinha sido submetido e das sensibilidades que nele tinham intervindo e actuado. Na verdade, o edifício absorvera-as, fazendo com que se incorporassem no desenho de "CASSIANO BRANCO". Embora o cunho de "FREDERICO GEORGE" lhe tivesse imprimido outros encantos, tinha-se conseguido com a colaboração de um grupo de famosos artistas portugueses, "uma casa de espectáculos modelar" ( 1 ).
Na parte virada para a "AVENIDA ALMIRANTE REIS" no "CAFÉ IMPÉRIO" a intervenção de "RAUL CHORÃO RAMALHO", apresenta uma expressão idêntica, embora mais discreta. Não obstante a solução encontrada vai favorecer a formulação original, ainda que "CHORÃO RAMALHO" a tenha renovado e enriquecido com a ajuda do seu mobiliário moderno e da enorme pintura mural de "LUÍS DOURDIL" que se estendia nos seus 48 metros quadrados, coadjuvantes com as esculturas de "MARTINS CORREIAS". 
Desnecessário se torna salientar que o "CINEMA IMPÉRIO" (com todo o seu edifício) veio valorizar a "ALAMEDA" colocando-lhe uma nota de sofisticação naquele local.
O "CINEMA IMPÉRIO" é inaugurado com o filme «O PREÇO DA JUVENTUDE»( 2 ), uma realização de "RENÉ CLAIR" de 1950, cuja história tinha a capacidade de poder converter as ambições da sua personagem nas aspirações da zona. Na verdade, tal como a personagem do filme, também este local desejara para uma nova vida, um novo vigor que o libertasse da memória rural das "QUINTAS DE ARROIOS", marcando posição na onda de modernizações a que se assistia.
Com a entrada em funcionamento regular da RTP os cinemas ressentem-se. Assim, entre 1961 e 1965 o "IMPÉRIO" passou a ceder temporariamente as suas instalações à "COMPANHIA DE TEATRO MODERNO DE LISBOA" uma iniciativa de "CARMEM DOLORES", "ARMANDO CORTEZ", "FERNANDO GUSMÃO" e "ROGÉRIO PAULO". Funcionava em sessão à tarde, pelas 18,30 horas, de Segunda a Sexta existindo ainda uma sessão aos Domingos de manhã.
O "CINEMA IMPÉRIO" possuía PLATEIA, 1º e 2º BALCÃO totalizando 1672 lugares, embora o projecto inicial contemplava 2326 espectadores o que fazia dele o maior cinema do país.
Em 24 de Outubro de 1964 surge uma sala "SATÉLITE" que viria a ocupar o espaço que anteriormente tinha sido planeado para Restaurante um projecto que nunca chegou a ser realizado. Afortunadamente este novo espaço teve enorme sucesso, tendo o seu investimento sido recuperado no período de dois anos.
No início dos anos 80 e com o aparecimento de salas de cinema a multiplicar-se em "CENTROS COMERCIAIS", o "CINEMA IMPÉRIO" acabaria por encerrar a sua exploração como exibidora de cinema em 31 de Dezembro de 1983, embora esporadicamente até aos anos até aos anos 90, fosse escolhida esta sala para ante-estreias ou exibições relacionadas com festivais de cinema.
Em 1992 foi adquirido pelo movimento religioso "IURD" que aí instalou a sua sede e local de culto em LISBOA, que assim se mantém até aos dias de hoje.

( 1 ) - "CINEMA IMPÉRIO", in "Diário de Notícias", 24 de Maio de 1952.

( 2 ) - Tradução encontrada na altura para "LE BEAUTÉ DU DIABLE", título original do filme.
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