Luis Dourdil é senhor de uma obra coerente ancorada num desenho ordenado de linha continua e fragmentada de cor urdida em paletas que ora do vermelho e amarelo, se fundem depois nas cores surdas dos cinzas e azuis negros.
Seja pintura, desenho a carvão ou pastel, independentemente da escala, pintura de cavalete ou mural, é uma obra que integra a figura humana como motivo de eleição.
Bem pelo contrário agencia aquela liberdade que aspira à quebra da linha, à interrupção do desenho à ausência de terminar a linha de contorno, aflorando uma tendência para o abstracto.
Aflorando tal não significa que Dourdil se remeta para esse universo, mas a fluidez da linha, o desprendimento das formas acabam por viabilizar essa proposta de entendimento.
Primeiro na representação das figuras populares enquanto motivo plástico. As mulheres na simplicidade das suas tarefas, as vendedeiras, peixeiras, leiteiras: uma com uma braçada de limões, enquanto outra mostra o peixe, ou sentada numa pausa, ou simplesmente paradas num momento para conversar trazendo o filho ao colo.
Lenços na cabeça ou carrapito, aventais presos à cintura, os corpos
bem delineados e geométricos definindo-se em planos e volumes de cor, robustos em linhas verticais bem definidas.
Corpos que enchem a superfície da tela do papel ou da parede.
Corpos monumentais que nos remetem para a pintura italiana de
Giotto a Massacio, onde o cubismo pós-guerra se cruza delicadamente.
Assim poderemos invocar a obra de Dourdil entre finais dos anos quarenta e cinquenta do Século XX.
Assim poderemos invocar a obra de Dourdil entre finais dos anos quarenta e cinquenta do Século XX.
Outros temas como pescadores e barcos (Olhão) assim como as varinas, são também trabalhadas por Dourdil, não apenas como motivo plástico, mas ainda na dimensão da condição humana que enraízava na consciência sócio-politica que o neorrealismo presente nas Gerais de Artes Plásticas (1946-1956, S.N.B.A.) integrava.
De facto, a passagem de Dourdil pelas Gerais, ainda em quarenta, confirma esta propensão partilhada por tantos artistas plásticos durante as duas décadas em referencia.
De facto, a passagem de Dourdil pelas Gerais, ainda em quarenta, confirma esta propensão partilhada por tantos artistas plásticos durante as duas décadas em referencia.
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