quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Luis Dourdil RTP ano 1975


Luís Dourdil folheia revista com destaque para as suas mãos e rosto, trabalha no interior do atelier decorado com desenhos, pinturas e fotografias, instalado na ESBAL, e pinta quadro, alternado com Rocha de Sousa que introduz o tema do programa e refere aspetos do trabalho artístico de Luís Dourdil que balançam entre a figuração e abstração e a exposição que o artista apresenta na escola. Em voz off, Rocha de Sousa e o artista a conversam sobre o objetivo da mostra na ESBAL e os trabalhos que estão expostos.



Luis Dourdil fala da sua pintura, salientando a paixão pela figura humana. Autor de várias pinturas e desenhos a carvão representando as varinas nas suas lides, bem como ruas e vielas de Alfama. No inicio a sua obra que começou por ser figurativa, foi evoluindo para o desvirtuamento da figura até ao abstracionismo.




                                   Óleo s/Tela ano 1980  de Luís Dourdil colecção particular
                                         © All rights reserved


(...) Durante os anos cinquenta, os artistas modernos portugueses concentravam a sua meditação no confronto de duas concepções pictóricas: a figurativa e a abstracta
Havia os radicais, a favor de uma ou outra concepção, e havia os que procuravam sínteses.
A novidade estava na arte abstracta.
Mas os mais velhos e os mais informados não podiam esquecer que os pintores naturalistas eram bastante mais dotados e que o Naturalismo permanecia no gosto dominante da sociedade portuguesa.
A vontade de aproveitar o máximo de ambas as concepções, figurativa e abstracta acompanhava a vontade de aproveitar o máximo de todas as artes.

Luís Dourdil foi realizando, lentamente, com segurança uma obra de grande unidade estilística, passando de um realismo minucioso de "Homens de Fogo"(1942) a uma figuração abstractizante.

Rui Mário Gonçalves



Pintura a óleo de Luís Dourdil - Ano 1980  © All rights reserved C/particular


"Nunca fui um paisagista.

Parti sempre da forma real, mas só me interessei de facto pela figura humana.

Parece que apenas nela encontro a beleza e a tragédia, ou partes articuláveis de uma nova ordem, um dinamismo interno-a pintura, antes de tudo"


Luís Dourdil



          Ver                  RTP Luis Dourdil 1975


Apresentação e locução: Rocha de Sousa Fotografia: Sebastião Fernandes e João Mendes Produção e Realização: José Elyseu




João Rocha de Sousa  1938 - 2021

https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Rocha_de_Sousa

Diplomado em Pintura pela Escola Superior de Belas-Artes e Professor Agregado pela Universidade de Lisboa, Rocha de Sousa apresenta uma vasta obra como pintor, escritor, ensaísta e crítico de arte, tendo desenvolvido atividades na área da imagem: diaporama, cinema (O Véu dentro da Cidade) e vídeo, salientando-se a sua vertente de pedagogo que marcou de modo definitivo o rumo que a Escola Superior de Belas Artes seguiu após o 25 de Abril de 1974, ao definir a estratégia da reforma do ensino artístico que foi então implementada.Nesta vertente pedagógica Rocha de Sousa lecionou durante anos a disciplina de Comunicação Visual que foi decisiva para uma modernização da formação dos alunos, e foi docente na Universidade Aberta no Mestrado de Comunicação e Multimédia. Foi Presidente do Conselho Científico da Faculdade de Belas-Artes e membro dos órgãos de gestão, membro da Academia Nacional de Belas-Artes, da Secção Portuguesa da Associação Internacional do Críticos de Arte e participou nos órgãos diretivos na Sociedade Nacional de Belas-Artes, onde colaborou numa promoção renovadora do programa cultural e artístico da instituição.


A sua atividade como crítico de arte foi relevante, assegurando regularmente participação em júris, prefácios em catálogos, ensaios e artigos na Colóquio Artes, JL, outros jornais e revistas diversos numa acentuada perspetiva do contemporâneo. Acresce ainda os estudos monográficos exemplares publicados sobre Luís Dourdil, Pedro Chorão e Eduardo Néry na Casa da Moeda-Imprensa Nacional.

Como artista plástico participou de 1964 em diante em inúmeras exposições individuais e coletivas em Portugal e em Angola. A escrita foi outra das manifestações do pulsar da sua dimensão intelectual com obras ficcionais e crónicas:  Amnésia (teatro), Angola 61, uma Crónica de Guerra, A Casa Revisitada e O Messias.

Rocha de Sousa, mesmo depois de aposentado continuou a participar em diversas atividades na Faculdade de Belas-Arte, nomeadamente júris de doutoramento e de mestrado, debates, encontros (Convocarte, Nº 4, Homenagem a Rocha de Sousa, 2018 incluindo a revista Homenagem a Rocha de Sousa) e entre outros, o lançamento do seu último livro 2019.


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