segunda-feira, 12 de junho de 2023


Varinas de Lisboa - Memórias da Cidade no trajecto plástico de Luis Dourdil

Foi no século XIX que começaram os primeiros movimentos migratórios rumo a Lisboa, com o objectivo de encontrarem melhores condições de vida e oportunidades de emprego. As varinas, tradicionalmente conhecidas como “mulheres do peixe”, instalaram-se nos bairros típicos de Lisboa – Alfama, Bica e, sobretudo Madragoa – junto às ribeirinhas ricas em sardinha e sável.

 "Varinas de Lisboa" de Luís Dourdil Colecção C.M.L


Dourdil visitava com assiduidade a lota Ribeira onde desenhava estas figuras icónicas de Lisboa que imortalizou nas suas obras.

                        Varinas de Luis Dourdil  © All rights reserved

Um dos temas mais abordados pelo pintor nos anos 40 e 50 foram os Bairros lisboetas, trabalhadores, gente anónima do meio urbano na sua azafama.







                                  " VARINAS" Óleo de Luis Dourdil de 1952  © All rights reserved



Os bairros de Lisboa são objecto da sua pintura que se prende às sombras, aos grupos de trabalho ou à deambulação desempregada, nunca se fixa no recorte pitoresco. O mundo dos humanos constitui o seu apelo.

Luis Dourdil © All rights reserved

De pé descalço e canastra à cabeça: Olha a bela da sardinha!



As varinas eram mães, mulheres trabalhadoras, resistentes e praticamente indomáveis. Nos anos 80 a 90 acabaram por desaparecer, passando das ruas para as bancas dos mercados, mas são ainda recordadas como símbolo e ícone da cidade de Lisboa. Com a evolução das tecnologias de congelação e refrigeração do pescado, a abertura das grandes superfícies comerciais e o melhoramento nos serviços de distribuição, tornou-se difícil resistir. Na altura, a maior parte delas virou-se para a costura ou para as limpezas.


Apesar da “extinção”, a figura da varina prevalece cristalizada, principalmente graças às marchas populares. Na arte, e como mostra a selecção apresentada pelo Museu de Lisboa, foram a inspiração para diversos autores, como;

 Almada Negreiros, João Abel Manta, Luís Dourdil, Alice Jorge, Stuart Carvalhais ou Jorge Barrada. 


Aliás, mesmo o físico Albert Einstein admitiu ficar impressionado com estas mulheres, como o descreveu no diário onde relatou a sua viagem por Lisboa.




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