quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Dourdil nas artes gráficas



"Pintor interessantíssimo, desfez em meia-dúzia de penadas/pinceladas, como talvez mais ninguém português, a falaciosa dicotomia daquilo a que se convencionou chamar figuração e abstracção, com uma delicadeza tal e uma sensibilidade tão hábil no tratamento da cor cujo efeito conjunto não reflecte, como alguém disse, uma tensão permanente entre esses dois (falsos) pólos e antes um estado superior, aqui mais trabalhado do que intuído, onde eles nem sequer existem. Arte maior, em suma.
"Só me interessa a figura humana", dizia, mas é já uma figura com a lição cubista, de volumetria desobediente, a que a «realidade» - curioso como, não obstante, alguns neo-realistas a apreciaram muito, mesmo...
Dourdil foi um artista gráfico de profissão, e chegou, numa actividade menos conhecida, a ilustrar vários livros, a Antologia do Conto Moderno organizada por Gaspar Simões; a edição do Círculo de Leitores da Poesia Completa de António Nobre; e Marias da Minha Terra, de Alice Ogando, S.Banaboião Anacoreta e Mártir de Aquilino Ribeiro designadamente.
Por outro lado, serão de destacar ainda os retratos que compôs de escritores portugueses, como o aludido Fernando Namora e Eugénio de Andrade, entre outros.
O
texto http://bibliographias.blogspot.pt/de 



O texto de apresentação de Gomes Ferreira é (mais) uma bela declaração de amor à cidade adoptiva, oferecendo de passagem apontamentos acerca da convivência que teve, na primeira metade do séc. XX, com vários dos principais artistas do tempo. Das estampas, impressas em heliogravura pela Neogravura lisboeta, destacam-se em quantidade trabalhos de Francisco Smith, Abel Manta e sobretudo Carlos Botelho (dito aqui o “pintor oficial de Lisboa”), sendo reproduzidos dois de António Soares, Bernardo Marques e Vieira da Silva e apenas um de gente para o efeito também bastante recomendável: José de Almada Negreiros, Barradas, Luís Dourdil, Pomar, Lima de Freitas e Skapinakis, por exemplo. O álbum foi encadernado pela editora em pele e apresenta em cliché, colado na pasta superior, uma reprodução do conhecido óleo de Botelho «Costa do Castelo».






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