Colectiva de Artes plásticas
"OS AMANTES DO CHIADO/BRASILEIRA"
" A Tertúlia das 10 horas"
Albertina Mântua, Almada José de Almada Negreiros, Antonio Carmo, Artur Bual, Boavida Amaro, Carlos Soares, Cargaleiro, Clara de Ovar, Costa Camelo, Cristina Maldonado, Cruzeiro Seixas, Luís Dourdil, Francisco Relógio, Gordillo, Guilherme Parente, João Manuel Navarro Hogan, Julio Pereira, Lagoa Henriques, Luis Lobato, Luis Ralha, Lurdes Robalo, Nuno Siqueira, Sá Nogueira, Sérgio Pombo, Teresa Magalhães, Vespeira e Virgilio Domingues.
A Brasileira do Chiado, casa de comércio de cafés importados do Brasil, foi fundada por Adriano Soares Teles do Vale em 1905. Inicialmente apenas dedicada à venda a retalho, a Brasileira inaugurou a sala de café no ano de 1908, oferecendo aos lisboetas um espaço social que rapidamente se tornou num dos mais importantes centros culturais da cidade.
Em 1922 a firma A Brasileira, Lda. requeria à Câmara Municipal autorização para "transformar a fachada actual do seu estabelecimento".
Edifício na Rua Garrett, onde se encontra instalado o café A Brasileira, também denominado «Brasileira do Chiado», (...) - Frontão da entrada do café.
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O projecto da emblemática fachada deve-se ao risco do arquitecto Manuel Joaquim Norte Júnior, considerado "o mais famoso dos arquitectos de Lisboa" de então (França: 1992, p. 156). O modelo do café lisboeta, luxuoso e ao gosto parisiense, tem a marca distintiva do seu autor, presente nas estátuas que guardam a entrada do espaço, nas elegantes grinaldas que substituem estruturas arquitectónicas, nas características máscaras ou no cuidado trabalho de ferro forjado. Quando da intervenção os jovens artistas que então frequentavam as tertúlias do café pintaram um conjunto de telas que passaram a decorar o espaço. Entre estas estavam obras de Jorge Barradas, Stuart Carvalhais, Eduardo Viana e Almada Negreiros, que foram substituídas nos anos 70 pelas que hoje ocupam o interior.
O edifício d' A Brasileira foi classificado como Imóvel de Interesse Público em 1997 devido ao programa arquitectónico exterior e ao importante lugar simbólico que o espaço ocupa na história cultural e social da cidade de Lisboa.
Catarina Oliveira
(Coord. Deolinda Folgado)
DGPC, 2015
A Brasileira em 1911, foto de Joshua Benoliel.
A Brasileira e a Arte
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Estátua de Fernando Pessoa de Lagoa Henriques, no exterior
d'A Brasileira.
Com as liberdades de reunião e associação após a Implantação da República Portuguesa, em 5 de Outubro de 1910, e a instalação do Directório Republicano no Largo de São Carlos (entretanto rebaptizado Largo do Directório, precisamente no 1.º andar do edifício onde nasceu Fernando Pessoa), A Brazileira tornou-se um dos cafés mais concorridos de Lisboa devido à sua proximidade.
A partir dessa época, A Brazileira foi o cenário de inúmeras tertúlias intelectuais, artísticas e literárias. Por lá, passaram os escritores e artistas, reunidos em torno da figura do poeta-general Henrique Rosa (tio adoptivo de Fernando Pessoa), que viriam a fundar a Revista Orpheu.
Em 1925, A Brazileira passa a expor onze telas de sete pintores portugueses da nova geração, que então frequentavam o café, selecionados por José Pacheko: Almada Negreiros, António Soares, Eduardo Viana, Jorge Barradas (com dois quadros cada), Bernardo Marques, Stuart Carvalhais e o próprio José Pacheko [3].
Este "museu" foi renovado em 1971, com onze novas telas de pintores da época: António Palolo, Carlos Calvet, Eduardo Nery, Fernando Azevedo, João Hogan, João Vieira, Joaquim Rodrigo, Manuel Baptista, Nikias Skapinakis, Noronha da Costa, e Vespeira.
Com toda a importância que teve na vida cultural do país, A Brazileira do Chiado mantém uma identidade muito própria, quer pela especificidade da sua decoração, quer pela simbologia que representa por se encontrar ligada a círculos de intelectuais, escritores e artistas de renome como Fernando Pessoa, Almada Negreiros, Santa Rita Pintor, José Pacheko ou Abel Manta, entre muitos outros.
A assiduidade de Fernando Pessoa motivou a inauguração, nos anos 1980, da estátua em bronze da autoria de Lagoa Henriques, que representa o escritor sentado à mesa na esplanada do café.
José de Almada Negreiros
Auto-Retrato num grupo (Pintura decorativa – Café “A Brasileira” do Chiado)
As quatro figuras representadas neste quadro estão identificadas (da esquerda para a direita): Almada Negreiros, a bailarina e actriz espanhola Júlia de Aguilar, a actriz Aurora Gil, e o Prof. Dória Nazaré. Algumas das obras destinadas à Brasileira, e esta nomeadamente, haviam sido expostas no I Salão de Outono em Janeiro de 1925. Embora mal recebidos pela maior parte da crítica e dos frequentadores da Brasileira, os novos quadros transformam o café na única «galeria» modernista então possível na capital portuguesa.
Auto-Retrato num grupo (Pintura decorativa – Café “A Brasileira” do Chiado)
Link:
https://gulbenkian.pt/museu/collection-item/auto-retrato-num-grupo-pintura-decorativa-cafe-a-brasileira-do-chiado-138998/
As quatro figuras representadas neste quadro estão identificadas (da esquerda para a direita): Almada Negreiros, a bailarina e actriz espanhola Júlia de Aguilar, a actriz Aurora Gil, e o Prof. Dória Nazaré. Algumas das obras destinadas à Brasileira, e esta nomeadamente, haviam sido expostas no I Salão de Outono em Janeiro de 1925. Embora mal recebidos pela maior parte da crítica e dos frequentadores da Brasileira, os novos quadros transformam o café na única «galeria» modernista então possível na capital portuguesa.
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