segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Pintura Portuguesa Sec. XX - Luis Dourdil



Letra para um hino

É possível falar sem um nó na garganta
é possível amar sem que venham proibir
é possível correr sem que seja fugir.
Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.

É possível andar sem olhar para o chão
é possível viver sem que seja de rastos.
Os teus olhos nasceram para olhar os astros
se te apetece dizer não grita comigo: não.

É possível viver de outro modo. É
possível transformares em arma a tua mão.
É possível o amor. É possível o pão.
É possível viver de pé.

Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.
É possível viver sem fingir que se vive.
É possível ser homem.
É possível ser livre livre livre.


Manuel Alegre








Óleo s/tela, ano de 1963 de Luis Dourdil


"Preciso de parar constantemente de pintar para poder proporcionar e receber as sugestões que o quadro me vai dando à medida que nele avanço".
Luis Dourdil.







Óleo s/ Platex c. de 1930 de Luis Dourdil    © All rights reserved

domingo, 27 de agosto de 2017

ILUSTRAÇÕES




A Grande Aventura romance, 1941 capa com ilustração de Luís Dourdil.


Tendo nascido em Cabo Verde, Artur Augusto da Silva veio a passar a sua infância e adolescência entre Portugal e a Guiné. Alguns anos depois de concluir o curso de Direito, em Lisboa, partiu para Angola.
Aí permaneceu durante o final dos anos trinta e início dos anos quarenta, radicando-se na Guiné no final dessa mesma década.






Artur Augusto [da Silva] 1912-1983, A Grande Aventura 1941.
Capa de Luís Dourdil 1914-1989.

Ilustrações de Luis Dourdil



Alice Ogando 1900-1981, Marias da Minha Terra 1934
Capa de Luís Dourdil 1914-1989















https://pt.wikipedia.org/wiki/Alice_Ogando



Marias da Minha Terra




Essas Marias tafues                                   E aquela que vindima                    
Que passeiam no Chiado                           Desde manhã ao sol pôr
Com seus vestidos azues                            A quem o trabalho anima
E pesito bem calçado,                                Por amor do seu amor

As unhas côr de tomate,                            Essa que lava cantando
Sobrancelhas a carvão,                             Cantigas ao desafio,
A linda bôca escarlate                               Suas máguas segredando
E vazio o coração,                                    Ás verdes águas do rio.

Não são como tu, Maria,                          Aquela de loira trança
– Marias da minha terra –                         Como uma espiga doirada,
da Senhora da Agonia                              Que sonha amor e esperança
E mais do Senhor da Serra,                       Em noite de desfolhada.

Do Penedo da Saudade,                            E tu, Maria da Graça,
Das eiras, da desfolhada,                           E tu, Maria do Ceu,
São Marias da Cidade,                              Que ninguem na aldeia calça
– Não são Marias nem nada.                     Sapatinho igual ao teu,

Tu sim, que passas airosa                           Marias todas verdade,
Minha linda moleirinha                                Marias só – coisa pouca –
Mais branca que a branca rosa                   Apenas simplicidade,
Tão branca como a farinha.                        Coração ao pé da boca.

E tu, que passas ligeira,                               Marias que passam vidas
De tamanquinha no pé,                                Inteirinhas a rezar
A Maria mais trigueira                                 Pelas alminhas perdidas
Da praia da Nazareth.                          Por sôbre as águas do mar.

Essa de saia rodada                                    Quiz cantar o vosso encanto,
Como uma rosa em botão,                          Toda a alegria que encerra
A quem já vejo brilhar                                 Este nome, que é um canto
Nos olhos, o coração.                                 Em louvor da nossa terra!

Alice Ogando 1900-1981

Ilustrações de Luis Dourdil

"Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"
Vinícius de Moraes

Ilustrações caricaturas de Luís Dourdil década de 1930.
Colecção particular .© All rights reserved




Luís Dourdil na Brasileira do Chiado "tertuliando" desenhou o seu auto retrato numa mesa.





Ilustrações caricaturas de Luís Dourdil década de 1930.
Colecção particular .© All rights reserved


"Quem já passou por essa vida e não viveu, pode ser mais, mas sabe menos do que eu..."

Vinícius de Moraes


Ilustrações de Luis Dourdil - S.Banaboião Anacoreta e Mártir




“Num país pobre, em que todos andam a tinir,
não é de espantar que se repita a cada passo, à
capuche, o esbulho da vinha de Nabot.
Mas uma escandaleira destas ultrapassava os
limites da pouca-vergonha nacional, que era 
imensurável”.

Aquilino Ribeiro



https://pt.wikipedia.org/wiki/Aquilino_Ribeiro










Ilustrações  de Luis Dourdil no livro de Aquilino Ribeiro, S.Banaboião Anacoreta e Mártir.

"O que o homem mais aprecia, acima de grandezas,
glória, amor, acima do seu próprio pão para a boca, é a liberdade ..."
Aquilino Ribeiro



Sei que morrer é mais fácil do que se pensa e,
não obstante,
tenho medo da morte ..."
Aquilino Ribeiro
O Café era a Universidade e a antecâmara permanente da revolução. Cada um tinha os seus clientes, agrupados perla cor das ideias e da gravata: republicanos, aficionados, poetas, batoteiros, e seria milagre que acampasse por ali um só que não acusasse estigma. Desconhecido que aparecesse era tal um moiro na costa. De mesa para mesa voava a palavra de passe: 
Cuidado que pode ser bufo!"
In um Escritor Confessa-se"
Aquilino Ribeiro


                 





Desenhos de Luís Dourdil © All rights reserved no livro S.Banaboião Anacoreta e Mártir de
 Aquilino Ribeiro.





Desenho de Bocage de Luis Dourdil


Selo de correio com a figura de Bocage, com circulação em 1965,
quando passava o segundo centenário do seu nascimento, desenhado por Luís Dourdil.




Quase 50 anos separam as duas emissões filatélicas em que Bocage é personagem central: a primeira, de finais de Dezembro de 1966, com desenho de Luís Dourdil, numa série de três selos com os valores de 1$00, 2$00 e 6$00, respectivamente, destinada a assinalar os 200 anos do nascimento de Bocage.




http://nestahora.blogspot.pt/2015/03/bocage-em-selo-emissao-filatelica-de.html

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Pintura Portuguesa

“...se antes de cada ato nosso nos puséssemos a prever todas as consequências dele, a pensar nelas a sério, primeiro as imediatas, depois as prováveis, depois as possíveis, depois as imagináveis, não chegaríamos sequer a mover-nos de onde o primeiro pensamento nos tivesse feito parar. Os bons e os maus resultados dos nosso ditos e obras vão-se distribuindo, supõe-se que de uma forma bastante uniforme e equilibrada, por todos os dias do futuro, incluindo aqueles, infindáveis, em que já cá não estaremos para poder comprova-lo, para congratular-nos ou pedir perdão, aliás, há quem diga que isso é que é a imortalidade de que tanto se fala.”
Ensaio Sobre a Cegueira - José Saramago






Óleo s/Tela 100 X 120 1969 Col/Banco de Portugal Luís Dourdil --© All rights reserved

Óleo s/Tela ano 1980 - 88 X 112 de Luís Dourdil colecção particular © All rights reserved 


"O orgulho é a consciência (certa ou errada) do nosso próprio mérito, a vaidade, a consciência (certa ou errada) da evidência do nosso próprio mérito para os outros.
Um homem pode ser orgulhoso sem ser vaidoso, pode ser ambas as coisas, vaidoso e orgulhoso, pode ser — pois tal é a natureza humana — vaidoso sem ser orgulhoso.
É difícil à primeira vista compreender como podemos ter consciência da evidência do nosso mérito para os outros, sem a consciência do nosso próprio mérito.
Se a natureza humana fosse racional, não haveria explicação alguma.
Contudo, o homem vive a princípio uma vida exterior, e mais tarde uma interior; a noção de efeito precede, na evolução da mente, a noção de causa interior desse mesmo efeito.
O homem prefere ser exaltado por aquilo que não é, a ser tido em menor conta por aquilo que é. É a vaidade em acção."

Fernando Pessoa, in "Da Literatura Europeia"

Luis Dourdil Memórias e registos



Seminario “A pintura mural em Luís Dourdil” de la Sección de Estudios do Patrimonio de la Sociedade de Geografía de Lisboa (Portugal)
 El Honorable Sr. D. Vitor Escudero de Campos, Caballero Honorario y Canciller del Capítulo de La Casa Troncal de los Doce Linajes de Soria en Portugal, nos remite esta noticia que publicamos

TEMOS DE FILTRAR A REALIDADE   Auditório Adriano Moreira 19 de Maio de 2015


Sociedade de Geografia de Lisboa

;http://www.socgeografialisboa.pt/?m=201505&cat=62
Auditório Adriano Moreira 19 de Maio de 2015





Maria Teresa Bispo (DPC-CML) e Luis Fernando Dourdil, filho do pintor.


Breve abordagem das memórias pessoais que acumularam informação sobre as vivências relacionais e criativas de Luís Dourdil. O testemunho concretiza-se através do tempo, também filtrado ora pelo olhar da criança, ora do jovem, ora do adulto em que me tornei. Filtrar a realidade para meu pai elaborava um instrumento de criação, no meu caso apenas um depoimento que substancie um contributo para o melhor entendimento da obra e da vida de um artista que nos deixou um legado considerável.





UM RETRATO INTIMISTA

NUMA BREVE EVOCAÇÃO DO PINTOR LUÍS DOURDIL, MEU PAI

Como se compreende não me é fácil falar do meu pai como pintor. Não sou crítico de arte nem pintor, nem tenho formação académica sobre Arte. Apenas possuo, isso sim o contacto diário com a sua pintura, bem como as visitas a ateliers de pintores seus amigos e nos olhos as imensas exposições de pintura que sempre acompanhei ao longo da vida.

Sempre que podia acompanhava-o nessas idas e tentava absorver o máximo das suas considerações e de outros pintores sobre os trabalhos expostos; pinturas, desenhos e esculturas. Cresci neste meio, apaixonado pelas várias manifestações de arte e aprendi muito com o meu pai e outros da sua geração. Hogan, Martins Correia, Bual, Lagoa Henriques, Marcelino Vespeira, Sá Nogueira, designadamente. Ainda muito novo frequentava com o meu pai a Brasileira do Chiado e ficava deslumbrado a ouvi-los falar.

Assim a minha abordagem, não obstante, é necessariamente mais de natureza intimista e menos técnica. Com sete anos de idade, pela mão da minha mãe Olinda, ia ver o meu pai pintar, o Mural no Café Império. 





Com essa idade pequenita, tudo para mim era de uma dimensão acrescida, gigantesca. Os anos foram passando e ainda que ele nunca tivesse gostado de que o vissem trabalhar, eu espreitava de longe, curioso, os seus gestos criativos. 




Recordo com saudade o primeiro atelier do meu pai na Av. de Madrid, perto da Av. De Roma, que ele dividia com um grande amigo, António Fernando dos Santos "Tóssan".


https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Fernando_dos_Santos_(T%C3%B3ssan)

Mudou-se depois para um atelier, junto do Palácio do Coruchéus, tendo como vizinhos, entre outros, os pintores Manuel Lima, Victor Belém e Arlindo Vicente, o qual para além de ilustre advogado, foi igualmente um pintor talentoso.
Aqui se manteve até ao seu falecimento no dia 29 de Setembro de 1989.



Porém, para que conste, devo dizer que ainda solteiro teve o seu primeiro atelier, na Rua da Fé, freguesia de S. José em Lisboa, espaço que dividia (a meias) com um seu amigo de sempre, o Martins Correia escultor; admiração mútua que se manteve ao longo das respectivas carreiras. Um dia o meu pai confidenciou-me que se o Martins Correia “tivesse nascido em Itália teria sido um Marini”.
Por volta dos meus dez anos, aos fins-de-semana, era-me muito grato acompanhá-lo à lota da Ribeira e vê-lo desenhar as gentes do povo, as varinas e as suas canastras, peixeiras e peixeiros, as bancas, toda aquela azáfama tumultuosa chapinhada de água turva, na musicalidade gritada de sons e pregões. E, estas cenas da lota, das quais tomava apontamentos escritos e desenhados, eram então transportados para largas folhas de papel e amplas telas através da memória, no silêncio do seu atelier.



Crayon S/ Papel 80 X 57" Varinas de Lisboa" de Luís Dourdil Colecção C.M.L.

Voltando, porém à memória do Café Império cujo restauro celebramos, não posso deixar de transcrever o que sobre ele escreveu o Prof, Rocha de Sousa – o crítico, o pintor e o analista arguto que, de há muitos anos a esta parte tem sido um estudioso da obra do meu pai:






(…)

desde logo a lógica da pintura parietal que Dourdil realizou para a decoração do Café Império, tempera a gema de ovo, é além de uma obra ímpar naquele género de forma plástica integrada, a peça paradigmática de formas e de ser do autor.




Ali podemos debater a eficácia de quem sabe entrosar subtilmente o poder estruturante, a representação em metamorfose e transparência, a natureza das matérias e dos matérias, o sentido cénico, a contenção e a sensibilidade, a exigência paciente da tecnologia e das técnicas. Tudo isto informou e reformou todas obras murais de Dourdil e a sua obra pictórica em geral: no fundo, ele partia sempre de pretextos ( ou materiais) que a realidade urbana lhe oferecia e de uma escrita que era simultaneamente suporte estrutural e já morfologia dinâmica. Não se pode dizer que estivesse assim procurando construir, com uma representação fragmentada, propostas plásticas de mensagem dirigida, de cunho denunciador quer ao tempo, do neo- realismo, quer na época sectária da luta entre figurativos e abstractos. Ele sempre soube que a validade última da obra de arte não se podia procurar nos temas, nos assuntos, ou no sentido óbvio da mensagem figurativa. Sabia que uma pintura é, antes de qualquer outra coisa, essencialmente pintura. (…)

Rocha de Sousa, O Sentido do Drama em Luís Dourdil, Rev. de Artes Plásticas, Ano 1, Número 1, Julho 1990, fls 14.








Assim, chegados ao dia de hoje defino o meu pai como um homem delicado cortês e discreto que tinha uma forma de estar na vida muito própria dele enquanto pintor e intelectual. Foi um autodidacta que estudou profundamente a pintura. Para além do dom inato que tinha estudou muito a figura humana e os tratados acerca da mesma.

Como homem e como pintor era um ser sensível e observador. De repente parava na rua e debruçava-se para apanhar uma folha seca – recordo-me que era dessas que gostava mais pela vibração do colorido que podiam ter – e dizia-me: - Olha Luís que bonita a associação de cores que a natureza criou nesta folha! - Era um homem que se prendia à cor, embora tivesse o desenho como matriz da sua pintura.

O meu pai era um sentimental sóbrio, foi um excelente pai. Hoje tenho a certeza que foi um dos maiores pintores do século XX.

Luís Fernando Dourdil

domingo, 20 de agosto de 2017

A Brasileira e a Arte em memórias e registos.


Colectiva de Artes plásticas


"OS AMANTES DO CHIADO/BRASILEIRA"

" A Tertúlia das 10 horas"
Albertina Mântua, Almada José de Almada Negreiros, Antonio Carmo, Artur Bual, Boavida Amaro, Carlos Soares, Cargaleiro, Clara de Ovar, Costa Camelo, Cristina Maldonado, Cruzeiro Seixas, Luís Dourdil, Francisco Relógio, Gordillo, Guilherme Parente, João Manuel Navarro Hogan, Julio Pereira, Lagoa Henriques, Luis Lobato, Luis Ralha, Lurdes Robalo, Nuno Siqueira, Sá Nogueira, Sérgio Pombo, Teresa Magalhães, Vespeira e Virgilio Domingues.







A Brasileira do Chiado, casa de comércio de cafés importados do Brasil, foi fundada por Adriano Soares Teles do Vale em 1905. Inicialmente apenas dedicada à venda a retalho, a Brasileira inaugurou a sala de café no ano de 1908, oferecendo aos lisboetas um espaço social que rapidamente se tornou num dos mais importantes centros culturais da cidade.
Em 1922 a firma A Brasileira, Lda. requeria à Câmara Municipal autorização para "transformar a fachada actual do seu estabelecimento".

Edifício na Rua Garrett, onde se encontra instalado o café A Brasileira, também denominado «Brasileira do Chiado», (...) - Frontão da entrada do café.
LINK;

 O projecto da emblemática fachada deve-se ao risco do arquitecto Manuel Joaquim Norte Júnior, considerado "o mais famoso dos arquitectos de Lisboa" de então (França: 1992, p. 156). O modelo do café lisboeta, luxuoso e ao gosto parisiense, tem a marca distintiva do seu autor, presente nas estátuas que guardam a entrada do espaço, nas elegantes grinaldas que substituem estruturas arquitectónicas, nas características máscaras ou no cuidado trabalho de ferro forjado. Quando da intervenção os jovens artistas que então frequentavam as tertúlias do café pintaram um conjunto de telas que passaram a decorar o espaço. Entre estas estavam obras de Jorge Barradas, Stuart Carvalhais, Eduardo Viana e Almada Negreiros, que foram substituídas nos anos 70 pelas que hoje ocupam o interior. 
O edifício d' A Brasileira foi classificado como Imóvel de Interesse Público em 1997 devido ao programa arquitectónico exterior e ao importante lugar simbólico que o espaço ocupa na história cultural e social da cidade de Lisboa.
Catarina Oliveira
(Coord. Deolinda Folgado)
DGPC, 2015




A Brasileira em 1911, foto de Joshua Benoliel.



A Brasileira e a Arte
[código-fonte] ;

Estátua de Fernando Pessoa de Lagoa Henriques, no exterior 
d'A Brasileira.
Com as liberdades de reunião e associação após a Implantação da República Portuguesa, em 5 de Outubro de 1910, e a instalação do Directório Republicano no Largo de São Carlos (entretanto rebaptizado Largo do Directório, precisamente no 1.º andar do edifício onde nasceu Fernando Pessoa), A Brazileira tornou-se um dos cafés mais concorridos de Lisboa devido à sua proximidade.
A partir dessa época, A Brazileira foi o cenário de inúmeras tertúlias intelectuais, artísticas e literárias. Por lá, passaram os escritores e artistas, reunidos em torno da figura do poeta-general Henrique Rosa (tio adoptivo de Fernando Pessoa), que viriam a fundar a Revista Orpheu.
Em 1925, A Brazileira passa a expor onze telas de sete pintores portugueses da nova geração, que então frequentavam o café, selecionados por José Pacheko: Almada Negreiros, António Soares, Eduardo Viana, Jorge Barradas (com dois quadros cada), Bernardo Marques, Stuart Carvalhais e o próprio José Pacheko [3].
Este "museu" foi renovado em 1971, com onze novas telas de pintores da época: António Palolo, Carlos Calvet, Eduardo Nery, Fernando Azevedo, João Hogan, João Vieira, Joaquim Rodrigo, Manuel Baptista, Nikias Skapinakis, Noronha da Costa, e Vespeira.

Com toda a importância que teve na vida cultural do país, A Brazileira do Chiado mantém uma identidade muito própria, quer pela especificidade da sua decoração, quer pela simbologia que representa por se encontrar ligada a círculos de intelectuais, escritores e artistas de renome como Fernando Pessoa, Almada Negreiros, Santa Rita Pintor, José Pacheko ou Abel Manta, entre muitos outros. 
A assiduidade de Fernando Pessoa motivou a inauguração, nos anos 1980, da estátua em bronze da autoria de Lagoa Henriques, que representa o escritor sentado à mesa na esplanada do café.
José de Almada Negreiros
Auto-Retrato num grupo (Pintura decorativa – Café “A Brasileira” do Chiado)
As quatro figuras representadas neste quadro estão identificadas (da esquerda para a direita): Almada Negreiros, a bailarina e actriz espanhola Júlia de Aguilar, a actriz Aurora Gil, e o Prof. Dória Nazaré. Algumas das obras destinadas à Brasileira, e esta nomeadamente, haviam sido expostas no I Salão de Outono em Janeiro de 1925. Embora mal recebidos pela maior parte da crítica e dos frequentadores da Brasileira, os novos quadros transformam o café na única «galeria» modernista então possível na capital portuguesa.



José de Almada Negreiros  CAM Gulbenkian
Auto-Retrato num grupo (Pintura decorativa – Café “A Brasileira” do Chiado)
Link:
https://gulbenkian.pt/museu/collection-item/auto-retrato-num-grupo-pintura-decorativa-cafe-a-brasileira-do-chiado-138998/

As quatro figuras representadas neste quadro estão identificadas (da esquerda para a direita): Almada Negreiros, a bailarina e actriz espanhola Júlia de Aguilar, a actriz Aurora Gil, e o Prof. Dória Nazaré. Algumas das obras destinadas à Brasileira, e esta nomeadamente, haviam sido expostas no I Salão de Outono em Janeiro de 1925. Embora mal recebidos pela maior parte da crítica e dos frequentadores da Brasileira, os novos quadros transformam o café na única «galeria» modernista então possível na capital portuguesa.