domingo, 25 de maio de 2025

Memórias

 

Programa de artes plásticas apresentado por #fernandobalsinha dedicado à vida e obra artística do pintor Luís Dourdil, com a entrevista no seu atelier, e ainda o destaque para as exposições individuais e coletivas de arte moderna e contemporânea ocorridas em Lisboa entre 1973 e 1974, incluindo exposições dos artistas plásticos Victor Vasarely, Ana Vieira, Manuel Cargaleiro, José Cândido, Júlio Pomar e Bengt Lindstrom



             Vídeo disponível no Arquivo RTP   https://arquivos.rtp.pt/conteudos/luis-dourdil/

Entrevista ao pintor, no seu ateliê  





















      

https://corucheus50anos.lisboa.pt/artistas-e-atelies

Luís Dourdil

n.1914 em Coimbra

viveu até 1989


Ateliê 6, desde 1972 a 1989


Autodidata, foi pintor, artista gráfico, desenhador e muralista.

O seu percurso artístico iniciou-se em 1935, como desenhador, tendo por principal inspiração a vida urbana e os habitantes da cidade. Nos anos 40, Luís Dourdil visitou várias cidades europeias, o que se refletiu na sua pintura na década seguinte, através da coexistência da figuração e da abstração.

Como muralista, são de salientar o mural que realizou para o Laboratório Sanitas (atualmente no Museu da Farmácia) e a pintura mural do Foyer de Honra do Cinema Império (ambas de 1945); a pintura mural no Café Império (1955) e, ainda, a pintura mural do Restaurante Panorâmico de Monsanto (1967).

Em 1966, desenhou selo de correio comemorativo do 2º centenário de nascimento de Bocage, que circulou até 1973.

Em paralelo com a sua intensa atividade artística, ocupou cargos diretivos na Sociedade Nacional de Belas Artes (1957-1963).

Realizou e participou em inúmeras exposições individuais e coletivas no país e no


estrangeiro. Recebeu vários prémios, nomeadamente o 1º Prémio de Pintura (Secretaria de Estado da Cultura), na exposição de homenagem dos artistas portugueses a Almada Negreiros (1984), encontrando-se a sua obra referenciada em várias publicações.

O seu nome faz parte da Toponímia de Almada (Freguesia da Charneca de Caparica); Cascais; Lisboa (Freguesia de Marvila); Seixal (Freguesia de Fernão Ferro) e Sesimbra.




Revisitar a sua obra, é uma forma de aceder ao pintor Luís Dourdil, é favorecer a manutenção da memória e da sua identidade plástica; é possibilitar a continuação de estudos e mostrar ao público um dos grandes artistas do século XX.

Memórias E Factos



https://nac.cm-tomar.pt/luis-dourdil-11-exposicao-galeria...


José Augusto França  Foi um historiador, sociólogo e crítico de arte português. 

O Historiador fala da obra e do pintor luisdourdil  

"Fernando de Azevedo apresentou, uma importante retrospetiva de Luís Dourdil nas Galveias, na Primavera do ano passado; devíamos tê-la visitado juntos, mas acabou por não ser assim.

 Éramos ambos velhos amigos do pintor e teríamos falado dele aqui, a duas vozes, se, entretanto, e tendo concordado comigo na exposição de hoje, o Fernando não tivesse morrido também. O que ele escreveu do Dourdil e aqui repetiria seria bem parecido com o que eu vou escrever, ausente do país para poder dizê-lo de viva voz Infelizmente. Tristemente.

Os dois e pensando no terceiro, podíamos falar de uma pintura em que os três fomos formados — “Escola de Paris”, necessariamente, de depois da guerra, e vindo de trás, de cubismo em cubismo, como aprendemos, para experimentar e fazer, eles, por dentro, ou para ver, eu, por dentro também, que é maneira de ver pintura de outrém com a devida cumplicidade, de quem vê e dá a ver.

Deram-nos a ver todos os fautores de uma história de pintura ocidental que em Cézanne se refez, por via do espaço do renascimento. Poussin conforme a natureza, e os cubos, as esferas, as pirâmides — as pirâmides sobretudo, em que o ver se conhece e dá a conhecer. Até que o momento tenha chegado de aproveitar a dissolução impressionista da natureza para voltar a fazê-la, numa criação outra em que, agora, são os sólidos desejados que se desfazem, na dialéctica das suas ocultas forças...

Quem assim mais particularmente se situa é Jacques Villon. O Fernando di-lo, digo-o eu, e com certeza que ambos o dissemos ao Dourdil — que bem o sabia, ele que era da mesma e mui rara raça cultural. Uma sensibilidade austera, com uma leve ironia nas perguntas que cada forma fez à outra forma, capazes de serem corpos e gente lidando num quotidiano silencioso e discreto.

A pintura e o desenho de Luís Dourdil têm essas duas qualidades por essência, vindo donde vêem por educação de geração e passando através de situações diversas que foram de um expressionismo generalizado em várias posições da história da pintura — indo de Paris para Nova York e de lá voltando modificada para novas aventuras de muita imitação e modas, ao longo de duas gerações depois da do pintor que sossegadamente ficou igual a si mesmo. Igual mas vivendo num permanente e sincero interrogatório de pintura, para saber como era a sua vocação de pintor. “Escola de Paris”, na sua verdade, por outra nessa verdade não haver...

Mas, como em nenhum outro pintor da sua geração, que é ainda a “segunda” do modernismo nacional, numa “Escola de Paris” entendida necessariamente em Lisboa, pela naturalidade da sua afectação, e sem qualquer prática, que seria ilusória, de viagem ao estrangeiro parisiense. Viagem, sim, fê-la Dourdil no interior da sua permanente pintura, vendo as figuras dos painéis das defuntas C. R. G. E. de antanho, na sala de atendimento da Rua do Crucifixo (onde o pintor me levou a ver, para boa conversa, em anos 50) mudarem-se em outras, de definição diluída até à consciência da sua estrutura obviamente abstracta, ou nem uma coisa nem outra, por ambas ser, na enorme têmpera pintada numa parede do Café Império, defunto também no tempo em que cafés havia na cidade. E onde o pintor me levou, outra vez consigo, para ver e conversar...

Dourdil, modesto por temperamento, discreto por boa educação, nisso alheio a corridas e mercados que aliás a sua geração não teve a dita de conhecer, fez, no seu atelier dos Coruchéus (onde tantas vezes subi para ver, folhear e conversar, conversar) uma obra de dezenas e dezenas de desenhos, pegando sempre na mesma folha de 100 por 70, ou 86 por 61, e no mesmo carvão que ia gastando lentamente, em gestos precisos de mão e de olhar... Uma obra que importa situar em quase cinquenta anos de prática, numa história de pintura portuguesa atentamente olhada para além de pressas e êxitos de bilheteira."

José-Augusto França

(Jarzé, Outubro 2002)






“A «Segunda Geração»:


Pintores, Eloy, Júlio Alvarez, Botelho Bernardo Marques. Sara Afonso. Ofélia Marques. José Tagarro. Lino António. Augusto Gomes. Tomás de Melo –Tom. Estrela Faria, Magalhães Filho,Manuel Lapa e Frederico George Luís Dourdil

Luciano Santos. Maria Keil, Martins Correia ,Guilherme Camarinha e a tapeçaria. António Lino e o mosaico. Paulo Ferreira. Júlio Santos. Guilherme Filipe, Carlos Carneiro, Eduardo Malta e outros. João

Carlos. Roberto Nobre. Arlindo Vicente. José de Lemos. Hansi Staël e os estrangeiros.

José-Augusto França in A História da Arte em Portugal no Século XX 1911-1961


José Augusto Rodrigues França GOIH • GCIH • GCIP • GCSE (Tomar, 16 de novembro de 1922[1] – Jarzé-Villages, 18 de setembro de 2021) foi um historiador, sociólogo e crítico de arte português.

Professor catedrático jubilado da Universidade Nova de Lisboa, é considerado um nome maior da historiografia da Arte em Portugal. "França é uma figura maior da Cultura Portuguesa. Poesia, cinema, pintura, arquitetura — pouco há que não interesse a este homem renascentista que privou com os melhores criadores e pensadores do último século".[2][3]


________________ MEMÓRIAS E FACTOS ________________


" (...) usando têmpera de ovo, Dourdil criou um imenso espaço cénico, nem profundo nem apenas bidimensional, povoado de figuras humanas, ora sentadas ora de pé, em grupos também, na simplificação nivelada então garantida pela perfeição das soluções, dos meios tons, das sombras suaves e das distâncias lumínicas, rectangulares, tudo apreciável em travelling lateral, o lugar ou o labirinto da meia festa daquela gente emblemática, a execução solta e exacta, os valores macios, as arestas mais

pressentidas do que ostentadas, um murmúrio de vida colectiva a mover-se em câmara lenta, sublinhando a ideia sem nomes do grande espaço cénico do café, memória de belas salas de fumo de teatros e cinemas( ...)"

Rocha de Sousa 




 

Luis Dourdil na Coleção do Museu do Neo-Realismo







Museu do Neo-Realismo em Cascais "Assalto ao Palácio de Verão - 
Coleção do Museu do Neo-Realismo", Galeria de Exposições do Palácio da Cidadela, até ao dia 14 Setembro 2025.








A Fundação D. Luís I, em colaboração com a Câmara Municipal de Cascais, e o Museu do Neo-Realismo, em colaboração com a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, apresentam, na Galeria de Exposições do Palácio da Cidadela, Assalto ao Palácio de Verão, uma exposição de pintura, escultura, desenho e fotografia da coleção do referido museu. 
De 24 de abril a 14 de setembro exibem-se obras de #JúlioPomar, #Mário Dionísio, #MariaBarreira, #ManuelRibeirodePavia, #AliceJorge, #VictorPalla, #QuerubimLapa, #NunoSan-Payo, #CiprianoDourado, #LuísDourdil, #Hansi Steal e #DorindodeCarvalho, entre tantos outros artistas, no âmbito das Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, que decorrem em Cascais.