Luís Dourdil 1914 - 1089
Nasceu em Coimbra, na Rua do Guedes, freguesia da Sé Velha, em 8 de Novembro de 1914 e faleceu em Lisboa em 1989.
(... ) Recordar, revisitar, repetir de todos os modos, qualquer forma de aceder ao pintor Luís Dourdil, é favorecer a manutenção da memória e da sua identidade plástica; é promover a continuação de estudos e as mais variadas fruições; é trazer para os grandes públicos e disponibilizar um dos artistas do século XX com obra de relevo; é sobretudo combater a finitude da condição humana, contrapondo pertinente a intemporalidade das suas composições plásticas. E se essa intemporalidade pode de facto contrariar o esquecimento e o ostracismo, que muitas vezes apanha tão desprevenida, quanto indefesa, a obra criada, será pois na ritualização temporal que podemos contrariar esta e outras circunstâncias, num círculo contínuo de construção e reconstrução da identidade da arte e do património e do seu garante memória. E, se admitirmos que o
fundamento do tempo é essa memória, parece pois ser possível considerar que a exaltámos, cumprindo com a homenagem justa e a divulgação substantiva.
Maria Teresa Bispo
Licenciada em História pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa; Mestre em Arte, Património e Restauro pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa; Bolseira da Fundação Calouste de Gulbenkian; Formadora para a área do Património Artístico e Cultural das Cidades e para a área do Voluntariado Cultural; Técnica Superior Assessora do Departamento de Património Cultural da Câmara Municipal de Lisboa
Uma Homenagem ao Pintor teve inicio no dia 08 de Novembro de 2014, com a abertura das Comemorações no âmbito do Centenário em sua Homenagem no Café Império em Lisboa, onde o artista realizou em 1955 um mural de têmpera a gema de ovo e que foi restaurado.
Este foi o primeiro de muitos eventos a realizados entre o ano de 2014 e 2015.
Inaugurou-se neste dia no mesmo local a exposição " Diálogos a Carvão".
"Foi um dos mais importantes pintores portugueses dos últimos cinquenta anos.
Distinguiu-se por uma indubitável e qualificada modernidade.
No ano em que se celebrou o centenário do seu nascimento justifica-se que o seu nome e a sua extraordinária obra sejam lembrados."
Dr Lima de Carvalho - Galeria de Arte do Casino Estoril
Na Sociedade Nacional de Belas-Artes no dia 12 de Fevereiro de 2015 foi inaugurada uma exposição com obras de Luís Dourdil
"Beleza e tragédia em Luís Dourdil", abordou a obra do artista sob o ângulo da produção plástica, com especial enfoque para obras que, de alguma maneira, mais se identificaram com a componente ensino/aprendizagem.
Na Sociedade Nacional de Belas-Artes no dia 12 de Fevereiro de 2015 foi inaugurada uma exposição com obras de Luís Dourdil
Luís Dourdil está representado em Colecções do Estado,Bancos e outras Entidades Públicas e Privadas.
Banco Comercial Português.
Banco Pinto & Sotto Mayor.
Banco de Portugal.
Banco Espirito Santo comercial de Lisboa.
Banco Totta e Açores,Londres.
Caixa Geral de Depósitos.
Museu Serralves, Porto.
Embaixada do Brasil em Lisboa.
Fundação Calouste Gulbenkian (Centro de Arte Moderna).
Galeria Bertrand, Lisboa.
Galeria Diário de Noticias,Lisboa.
Galeria Nason.
Ministério dos Negócios Estrangeiros(Embaixada de Portugal em Brasília).
Ministério da Comunicação Social.
Museu Abel Manta,Gouveia.
Museu da Cidade, Lisboa.
Museu da Electricidade,Central Tejo,Lisboa(E.D.P.).
Museu da Farmácia,Lisboa.
Museu de Amarante.
Museu Machado de Castro,Coimbra.
Museu Nacional de Arte Contemporânea.
Museu Tavares Proença Júnior,Castelo Branco.
Ministério da Cultura ...
(...) Durante os anos cinquenta ,os artistas modernos portugueses concentravam a sua meditação no confronto de duas concepções pictóricas: a figurativa e a abstracta
Havia os radicais ,a favor de uma ou outra concepção, e havia os que procuravam sínteses.
A novidade estava na arte abstracta.
Mas os mais velhos e os mais informados não podiam esquecer que os pintores naturalistas eram bastante mais dotados e que o Naturalismo permanecia no gosto dominante da sociedade portuguesa.
A vontade de aproveitar o máximo de ambas as concepções,figurativa e abstracta acompanhava a vontade de aproveitar o máximo de todas as artes.
Luís Dourdil foi realizando, lentamente, com segurança uma obra de grande unidade estilística,passando de um realismo minucioso de "Homens de Fogo"(1942) a uma figuração abstractizante.
Rui Mário Gonçalves
“Cem Anos de Dourdil: a Pintura Antes de Tudo” foi o título da exposição da obra do pintor Luís Dourdil patente na Galeria de Exposições dos Paços do Concelho.
Sinopse
A Pintura Antes de Tudo de Luís Dourdil
[Catarina Vaz Pinto, Vereadora da Cultura da C. M. de Lisboa]
"A divulgação de um artista plástico com a dimensão criativa do pintor Luís Dourdil - como gostava de ser evocado - cumpre na cidade vários objectivos: uns de teor patrimonial, que se articulam no âmbito da conservação e restauro, como é o caso da pintura mural do Café Império; outros que viabilizam a divulgação da arte e do seu criador, em tantos eventos que têm vindo a promover a revisitação do homem e da sua obra, trazendo a público e à reflexão inúmeras temáticas, por exemplo em contexto de tertúlia; e ainda outros que se dinamizam na revitalização da memória estética, também concretizada na relação espacial com o edificado, como é de referir os vários momentos de exibição do desenho, da pintura e da pintura mural. // Estas comemorações e todas as iniciativas colaboram neste fim, interpelando a urbe em muitos e diversos lugares, convocando tão plurais participações, quanto criteriosas abordagens, reunindo à volta do nascimento do pintor Luís Dourdil - um belíssimo pretexto - para o reconhecimento do mérito. Tanto na obra pública ou do domínio público, como na obra que se diversifica pelas colecções particulares e institucionais - de natureza pública e privada - quer ainda na que nos deixou como artista gráfico de uma grande empresa farmacêutica, Luís Dourdil contribuiu indubitavelmente para o espólio criativo no panorama nacional e para a imagética da cidade. Evocá-lo pela diversidade de propostas é somente uma forma de Lisboa o homenagear, expandindo para as gerações futuras o que herdámos no presente, por altura do seu nascimento e agora cem anos depois. //
[Catarina Vaz Pinto.
Duas dezenas de pinturas e outros tantos desenhos, para além de materiais e documentos ligados à actividade do artista, integraram esta mostra inaugurada no ano em que se comemoram os cem anos do seu nascimento.
"Linhas sensíveis revelam o diálogo entre a mão e o olhar do pintor, na construção de um espaço que é sempre entendido através da sugestão da figura humana, em desenhos que valem por si mesmos, ou em pinturas de harmónicos valores luminosos."
Gonçalves Rui Mário em 100 PINTORES PORTUGUESES DO SEC. XX Edições Alfa Lisboa 1986
(...)Na pintura, um dos elementos fundamentais é a cor. A relação formal entre as massas coloridas presentes em uma
obra constitui sua estrutura básica, usando o olhar do espectador e propondo-lhe sensações de calor, frio, profundidade, sombra, entre outros.
Estas relações estão implícitas na maior parte das obras de Luís Dourdil.
Sente-se uma passagem perfeita dos primeiros aos últimos planos, e atinge-se o acordo entre a figura humana e a envolvência atmosférica numa harmonia tão íntima num equilíbrio tão justo, que deixa de ser necessário o contorno que individualiza a figura, para que seja amortecido o rigor do contacto entre o sólido e o fluído"...
Rui Mário Gonçalves In Luis Dourdil Pintura E Desenho/ Setembro
de 1991
É porque cada instante em mim foi vivo
Na busca de um bem definitivo
Em que as coisas de Amor se eternizassem"
Sophia de Mello Breyner Andresen
Na busca de um bem definitivo
Em que as coisas de Amor se eternizassem"
Sophia de Mello Breyner Andresen
Antes da visita inaugural à exposição, houve ainda tempo para a atroz Ângela Pinto dizer um poema de Lagoa Henriques
(“Do Teu Álbum de Lembranças”, 1975), dedicado a Dourdil, e que faz parte de uma performance (“prOVOcação”) encenada por Helder Gamboa e coreografada por Marta Silva a partir do conto “Dois Ovos ao Fim da Tarde”, de Fernando Namora, sobre uma vivência do pintor, e que foi apresentada no dia 26 de Julho, pela Largo Residências, no largo do Intendente, no âmbito do festival Bairro Intendente em Festa.
Herdeiro das correntes cuboexpressionistas, Luis Dourdil adaptou-as à sua obra aproveitando as lições de Villon no que respeita à arquitectura do espaço, na atenção às verticais, nos planos frontais onde se insere a figura humana mas conferindo-lhe uma sensibilidade que resulta num jogo subtil de transparências definidor de espaços, servindo, simultaneamente, uma pessoal procura de luminosidade