segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Retrato de um povo -Luís Dourdil







Sobre o pintor...



«Luís Dourdil discreto e organizado, pintou (superiormente) como viveu, inteiro, com coerência, numa espécie de modéstia ao mesmo tempo perplexa e empolgada, sentindo por dentro as suas referências culturais, auto-aprendizagem, o correr da História.



Entrar no seu atelier do Coruchéus era descobrir-lhe a ordem, a serenidade do lento e longo diálogo com as aparências, os materiais e as matérias da pintura, o equilíbrio de um profissionalismo conquistado em muitos anos de pesquisa gráfica.



É preciso reafirmar que Luis Dourdil é um dos principais autores da pintura moderna portuguesa e que a justiça de que porventura beneficia agora chegou tarde e mal dimensionada no confronto com personalidades, suas contemporâneas, de idêntico valor. Isso pode dever-se em parte, ao modo de ser do artista, à sua modéstia, mas deve-se também, e sobretudo, à incapacidade dos nossos analistas para escapar a este fenómeno provinciano (de mimetismo complexado) que os reduz aos padrões consumíveis da moda e os impede de assumir, com isenção científica, critérios históricos e estéticos, o estudo plural de modos de formar que se distingam, em exemplar qualidade, daquele tipo de referências.



Dourdil não foi um autor de circunstância. Não teve nunca de se submeter o mundo das suas formas e da sua escrita aos postulados efémeros da exterioridade consumista. Não teve porque acreditava no valor intrínseco das suas descobertas e conferia maior importância ao trajecto lento mas sincero, e essa interioridade que sempre sobrepôs.»

Fonte: Rocha de Sousa in Artes Plásticas, nº1 Jul. 1990










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