"Varinas"
Memórias no trajecto plástico de Luís Dourdil e Exposição em Ovar dia 14 de Outubro de 2017.
" Diálogo a carvão entre a mão e o olhar do artista"
As varinas ou ovarinas do século XIX e primeira metade do século XX, são originárias das regiões costeiras a norte do rio Mondego, sobretudo da região de Ovar.
Migravam sazonalmente para a pesca do sável no rio Tejo e, quando a época terminava, regressavam habitualmente às suas terras.
Progressivamente, foram-se fixando em Lisboa, em bairros típicos como a Madragoa e Alfama, ou junto ao rio, constituindo várias comunidades piscatórias. De canastra à cabeça, percorriam os populares bairros lisboetas, apregoando o peixe de porta em porta.
Crayon S/ Papel 80 X 57" Varinas de Lisboa" de Luís Dourdil Colecção C.M.L.
"Varinas de Luís Dourdil"-Colecção Museu Municipal de Coimbra
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Um dos temas mais abordados pelo pintor nos anos 40 e 50 foram os Bairros lisboetas, trabalhadores, gente anónima do meio urbano na sua azafama.
Luís Dourdil iniciou sua carreira no figurativismo, e evoluiu depois para representações que o combinam com o abstraccionismo.
As varinas eram mães, mulheres trabalhadoras, resistentes e praticamente indomáveis. Nos anos 80 a 90 acabaram por desaparecer, passando das ruas para as bancas dos mercados, mas são ainda recordadas como símbolo e ícone da cidade de Lisboa. Com a evolução das tecnologias de congelação e refrigeração do pescado, a abertura das grandes superfícies comerciais e o melhoramento nos serviços de distribuição, tornou-se difícil resistir. Na altura, a maior parte delas virou-se para a costura ou para as limpezas.
De pé descalço e canastra à cabeça: Olha a bela da sardinha!
"Varinas" Pintura a Óleo Luís Dourdil
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"Varinas" Pintura a Óleo Luís Dourdil
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Apesar da “extinção”, a figura da varina prevalece cristalizada, principalmente graças às marchas populares. Na arte, e como mostra a selecção apresentada pelo Museu de Lisboa, foram a inspiração para diversos autores, como;
Almada Negreiros, João Abel Manta, Luís Dourdil, Alice Jorge, Stuart Carvalhais ou Jorge Barrada.
Aliás, mesmo o físico Albert Einstein admitiu ficar impressionado com estas mulheres, como o descreveu no diário onde relatou a sua viagem por Lisboa.
Maria Beatriz Raposo
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