ORQUESTRAÇÃO DE SUBTILEZA
Luís Dourdil é um criador. Pintor figurativo abstractizante é um dos grandes nomes da actual pintura portuguesa contemporânea.
É na adolescência que Luís Dourdil inicia o seu trajecto plástico, sobretudo no desenho. Até aos 30 anos o desenho é a sua matriz – núcleo imaginativo das coisas e dos seres. A sua temática abrange as gentes anónimas do meio urbano, gentes da ribeira, gentes de Alfama, trabalhadores a preto e branco. O mundo dos humanos constitui o seu apelo.
Nos anos 40, visita várias cidades da Europa e a sua visão emerge, plena de síntese, de acordo coma sua própria concepção plástica.
Nos anos 50, época da maturidade, o pintor capta, definitivamente, os alicerces estruturais e estéticos do seu edifício plástico.
O trabalho das tintas moldadas por um
tratamento abstractizante expande-se em manchas, em toques, em planos e breves
contrastes, na conjugação discreta mas sólida do mundo já visto e
indiscutivelmente de novo dado a ver como facto redescoberto.
A suavidade da cor, as sombras, as névoas, as geometrias cénicas.
ANTONIO SEM
In O Século, 2
Fev.1989
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