(...) Fomos amigos de longa data e de feliz convivência.Dourdil era alguém sem constrangimentos de convívio e o seu abraço ou fala ou modo de sorrir eram, tão imediatamente acolhedores!Modesto,quanto à criação da sua obra era um pintor que embora se visse,não se mostrava...Eu creio que Dourdil andou por estes meandros da "secção de ouro" e da porta da harmonia...Desde a monumentalíssima e tão belamente ritmada composição, executada a têmpera na grande tradição do "fresco", (Café Império),até as pinturas bem menores ou simples desenhos, Dourdil foi ritualizando como uma espécie de "promenade" do espectáculo da vida com seres do acaso,"motards",jovens apaixonados,vagabundos,vultos; ou o outro lado da vida,a inteireza de um corpo de peixeira na sua ortogonalidade sensual, diiálogos sussurrados, de vendedeiras de mercado, belas como estátuas...
Nenhum destes corpos perde alguma vez a majestade da atitude,uma espécie de dignidade clássica que confere o respeito à representação. É este acerto,raro neste tempo em Portugal -só Almada o conseguiu- que surpreende e dá a toda a obra de Dourdil uma excepcional presença no contexto português.Luis Dourdil é, finalmente um admirável pintor do silencioso achamento da totalidade.
Fernando Azevedo Março de 2001 In Luis Dourdil-Exp. de Pintura e Desenho:Palácio Galveias
Nenhum comentário:
Postar um comentário