quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Luis Dourdil 1914-1989-O lápis como Instrumento Soberano




"Conheço a obra de Luís Dourdil, que começou por uma figuração abstractizante de raiz cubista, com alguma influência de Jacques Villon (irmão de Marcel Duchamp), que, aliás, ele admirava.
Revela uma apurada sensibilidade ao desenho e à composição, em tonalidades de cor neutra, onde o subtil antropomorfismo é uma constante.
Doudil era um observador atento e excelente conversador, com um perspicaz espírito crítico.
Orgulhava-se das marcadas rugas no seu rosto, de tal modo que, quando Mário Sá lhe fez uma fotografia retocada e sem rugas, o pintor não se identificou nela, comentando: "tiraram-me o que tanto tempo me custou a adquirir!". Outras vezes, com um particular sentido de humor, em situações adversas, dizia: "vou-me demitir! De quê'? - não sei!".

Tive a sorte de ser sua amiga e de ter um desenho seu, com uma dedicatória.
O Eurico costuma dizer que Dourdil é o nosso Arpad pela diluição dos planos, de cores claras, próximas do branco, que deixam transparecer a nudez do suporte".

Dalila D' Alte Rodrigues




                                            Óleo s/Tela de 127 X 75 - ano 1977
Col. Secretaria de Estado da Cultura, em depósito na Fundação de Serralves - Museu de Arte Contemporânea, Porto.http://www.serralves.pt/pt/museu/a-colecao/obras-e-artistas/?l=D 




           


terça-feira, 7 de agosto de 2018

Dourdil - Museu Abel Manta - Factos e História

            Luís Dourdil 1914 - 1989   Ano: 1964 Tipo: óleo sobre tela 118X 83 
                 Local: Museu Municipal de Arte Moderna Abel Manta (Gouveia)


"(...) Fomos amigos de longa data e de feliz convivência.
Dourdil era alguém sem constrangimentos de convívio e o seu abraço ou fala ou modo de sorrir eram, tão imediatamente acolhedores!
Modesto,quanto à criação da sua obra era um pintor que embora se visse,não se mostrava..
Eu creio que Dourdil andou por estes meandros da "secção de ouro" e da porta da harmonia...




Com uma área de 48m2, o mural é uma monumental obra decorativa executada a têmpera, no ano de 1955. Representa uma série de “conversações” num mesmo plano, revelando um notável sentido de composição e de ritmo, aliando, num raro equilíbrio, a pura linguagem da cor e um subtil jogo de transparências, à maneira de um abstraccionista, com uma figuração simplificada. 


Desde a  monumentalíssima  e tão belamente ritmada composição, executada a têmpera na grande tradição do "fresco", (Café Império),até as pinturas bem menores ou simples desenhos,







Dourdil foi ritualizando como uma espécie de "promenade" do espectáculo da vida  com seres do acaso,"motards",jovens apaixonados,vagabundos,vultos; ou o outro lado da vida,a inteireza de um corpo de peixeira na sua ortogonalidade sensual, diiálogos sussurrados, de vendedeiras de mercado, belas como estátuas...




  "Fase das Varinas"Óleo de Luis Dourdil colecção particular © All rights reserved



Nenhum destes corpos perde alguma vez a majestade da atitude,uma espécie de dignidade clássica que confere o respeito à representação. É este acerto,raro neste tempo em Portugal -só Almada o conseguiu- que surpreende e dá a toda a obra de Dourdil uma excepcional presença no contexto português.





Pintura a óleo de Luís Dourdil  Ano 1980 -  98 X 120  © All rights reserved


                          Óleo de Luis Dourdil colecção particular © All rights reserved



Luís Dourdil é, finalmente um admirável pintor do silencioso achamento da totalidade."



Artista, decorador, designer gráfico, crítico e curador, Fernando de Azevedo Vila Nova de Gaia, 1923 – Lisboa, 2002



Fernando Azevedo Março de 2001 In Luis Dourdil-Exp. de Pintura e Desenho:Palácio Galveias