quinta-feira, 20 de julho de 2017

“Não há, na arte, nem passado nem futuro. A arte que não estiver no presente jamais será arte.” Pablo Picasso.



O Café Império
Um restaurante Inaugurado em 1955, o Café Império é um espaço projectado por Cassiano Branco e qualificado como Património Arquitectónico, pela Direcção Geral do Património Cultural.
 Aí pode apreciar o maravilhoso painel de Luís Dourdil, recentemente restaurado, além das obras de Martins Correia e de Jorge Barradas
Av. Almirante Reis, 205 A
Lisboa


Fotografia de Ana Luísa Alvim | CML 

Com uma área de 48m2, o mural é uma monumental obra decorativa executada a têmpera, no ano de 1955. Representa uma série de “conversações” num mesmo plano, revelando um notável sentido de composição e de ritmo, aliando, num raro equilíbrio, a pura linguagem da cor e um subtil jogo de transparências.
Fotografia de Ana Luísa Alvim | CML 
Tumblr da Câmara Municipal de Lisboa dedicado aos detalhes que constituem a nossa cidade-Veja aqui;


fragmento da pintura mural  foto de Antonieta Figueiredo

" (...) usando têmpera de ovo, Dourdil criou um imenso espaço cénico, nem profundo nem apenas bidimensional, povoado de figuras humanas, ora sentadas ora de pé, em grupos também, na simplificação nivelada então garantida pela perfeição das soluções, dos meios tons, das sombras suaves e das distâncias lumínicas, rectangulares, tudo apreciável em travelling lateral, o lugar ou o labirinto da meia festa daquela gente emblemática, a execução solta e exacta, os valores macios, as arestas mais
pressentidas do que ostentadas, um murmúrio de vida colectiva a mover-se em câmara lenta, sublinhando a ideia sem nomes do grande espaço cénico do café, memória de belas salas de fumo de teatros e cinemas( ...)"
Rocha de Sousa



fragmento da  pintura mural  foto de Antonieta Figueiredo

sábado, 15 de julho de 2017



                                                            Luís Dourdil colecção particular
                                                                © All rights reserved


"Linhas sensíveis revelam o diálogo entre a mão e o olhar do pintor,na construção de um espaço que é sempre entendido através da sugestão da figura humana,em desenhos que valem por si mesmos,ou em pinturas de harmónicos valores luminosos"
 Rui Mário Gonçalves in 100 Pintores Portugueses do Século XX Publ.Alfa 











Desenho

Traça a recta e a curva,
a quebrada e a sinuosa

Tudo é preciso.
De tudo viverás.

Cuida com exactidão da perpendicular
e das paralelas perfeitas.
Com apurado rigor.
Sem esquadro, sem nível, sem fio de prumo,
traçarás perspectivas, projectarás estruturas.
Número, ritmo, distância, dimensão.
Tens os teus olhos, o teu pulso, a tua memória.

Construirás os labirintos impermanentes
que sucessivamente habitarás.

Todos os dias estarás refazendo o teu desenho.
Não te fatigues logo. Tens trabalho para toda a vida.

E nem para o teu sepulcro terás a medida certa.

Somos sempre um pouco menos do que pensávamos.
Raramente, um pouco mais 
Cecília Meireles


Os desenhos de Luís Dourdil dão conta,desde a escolha da 
maleabilidade do carvão,a uma voluntariedade da mão que se deixa embriegar na sequência da linguagem e na passagem de um a outro desenho,numa longa e meditada harmonia sem se deixar cegar pela lucidez duma solução,focaliza a sua atenção na figura humana criando uma "caligrafia muito personalizada",como adjectivou o
 Prof., Rocha de Sousa.







Luís Dourdil ___ Museus
"Homens do Fogo" Desenho estudo a carvão -1 Ano 1942
da Pintura a Oleo museu da eletricidade 

(...)" Tivemos,há poucos dias ocasião de apreciar o trabalho de um moço artista,trata-se de Luís Dourdil,que num golpe de asa conquistou já um relevante lugar como artista.È um artista nato que por isso mesmo,cria arte numa linguagem fluente e fresca,como de quem obedece sem hesitações ao génio.
O seu ultimo trabalho é uma ampla e original tela,vinte metros,para a decoração da entrada dos escritórios da Companhia do Gás,na rua do Crucifixo.
Luís Dourdil que é dotado de uma imaginação criadora - essa invulgar preciosa e profunda chama! - soube construir,quási intuitivamente uma larga e harmoniosa composição,com motivos arquitecturais, figurando certas operações,como o trabalho dos fogueiros,o desenrolamento das bobinas de cabos eléctricos,que embelezam,com a respectiva representação humana..."
http://www.fundacaoedp.pt/cultura/colecao-de-arte-fundacao-edp/artistas-representados/72

7-04-1943 IN Diário Popular Adriano de Gusmão 
http://www.fundacaoedp.pt/cultura/colecao-de-arte-fundacao-edp/artistas-representados/72










"A figura humana foi tratada por Luís Dourdil com másculo poder plástico: os seus operários são construídos num traço de vigorosa síntese, sobriamente manchada a cor,guardando largos espaços luminosos.
O realismo dos seus trabalhadores lembra por vezes o de Meunier ou de Millet, realismo heróico.
O seu desenho é de uma excepcional qualidade tendo em conta as proporções do trabalho...."
07-04-1943 IN Diário Popular . Adriano de Gusmão 




"Nunca fui um paisagista.
Parti sempre da forma real,mas só me interessei de facto pela figura humana.Parece que apenas nela encontro a beleza e a tragédia,ou partes articuláveis de uma nova ordem,um dinamismo interno-a pintura,antes de tudo" 
Luis Dourdil



         
Isna de S. Carlos Beira Baixa, carvão da década de 1930.
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                                                        Luis Dourdil colecção particular
                                                              © All rights reserved



"O desenho foi a sua matriz ao longo da vida.
O seu desenho tem uma leveza e,ao mesmo tempo uma força que marcam a personalidade do artista ....)
Raul Rego.
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Luís Dourdil colecção particular
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                                       Luis Dourdil colecção particular
                                         © All rights reserved






                                     
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"Era um conversador infatigável Luís Dourdil
Pontualíssimo na 
Brasileira" do Chiado,introduzia na conversação um 
tom queiroziano.Gostava de captar o humor das situações.Premiava com uma gargalhada franca a observação bem-achada do interlucutor.Convivia com correcção e alegria" ... Rui Mário Gonçalves



sexta-feira, 14 de julho de 2017

A Intemporalidade na obra de Luis Dourdil


Carvão s/Papel "Isna"  1980   





(...) Recordar, revisitar, repetir de todos os modos, qualquer forma de aceder ao pintor Luís Dourdil, é favorecer a manutenção da memória e da sua identidade plástica; é promover a continuação de estudos e as mais variadas fruições; é trazer para os grandes públicos e disponibilizar um dos artistas do século XX com obra de relevo; é sobretudo combater a finitude da condição humana, contrapondo pertinente a intemporalidade das suas composições plásticas.
E se essa intemporalidade pode de facto contrariar o esquecimento e o ostracismo, que muitas vezes apanha tão desprevenida, quanto indefesa, a obra criada, será pois na ritualização temporal que podemos contrariar esta e outras circunstâncias, num círculo contínuo de construção e reconstrução da identidade da arte e do património e do seu garante memória.
E, se admitirmos que o fundamento do tempo é essa memória, parece pois ser possível considerar que a exaltámos, cumprindo com a homenagem justa e a divulgação substantiva.

Maria Teresa Bispo 

Licenciada em História pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa; Mestre em Arte, Património e Restauro pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa; 




O desenho foi a sua matriz ao longo da vida.


"O seu desenho tem uma leveza e,ao mesmo tempo uma força que marcam a personalidade do artista"
Raul Rego.



                                                     
                                                  Carvão s/papel  ano de 1982

Memórias de uma vida


Galeria de Exposições Temporárias do Museu Municipal – Edifício Chiado - Setembro/Outubro de 2015.


Exposição Comemorativa do Centenário de Luís Dourdil em Coimbra





Coimbra prestou homenagem ao pintor Luis Dourdil‪ com uma Exposição de Pintura e Desenho no Museu Municipal Edifício Chiado de 12 de Setembro a 11 de Outubro de 2015.
O Museu Municipal de Coimbra Edifício Chiado tutelado pelo Departamento de Cultura da Câmara Municipal de Coimbra, é actualmente constituído por dois pólos distribuídos por diferentes edifícios de interesse patrimonial, localizados no centro histórico da cidade, nomeadamente: o Edifício Chiado - Colecção Telo de Morais, a Torre de Almedina - Núcleo da Cidade Muralhada.



Luis Dourdil nasceu em Coimbra, na Rua do Guedes, freguesia da Sé Velha, a 08 de Novembro de 1914 e faleceu em Lisboa em 1989.